Covid-19: Twitter e Facebook restringem publicações da campanha de Trump

Partilha de vídeo em que o Presidente norte-americano afirma que as crianças são “praticamente imunes” à covid-19 levou as duas redes sociais a agir, considerando-o desinformação.

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Trump defende reabertura das escolas por achar que as crianças são "praticamente imunes" à covid-19 Stefani Reynolds/EPA

Depois de o Facebook ter retirado uma publicação da conta de Donald Trump, o Twitter tomou uma medida semelhante e impediu provisoriamente a equipa de campanha do Presidente dos Estados Unidos de publicar conteúdos naquela rede social.

Na origem da decisão está a partilha de um vídeo de uma entrevista de Donald Trump à Fox News, em que este defende a reabertura das escolas por considerar que as crianças são imunes à covid-19, uma ideia que não é confirmada pela ciência.

No vídeo em causa, Trump diz: “Se olharmos para as crianças, elas são praticamente – e eu até diria quase definitivamente – imunes à doença.” “Elas [crianças] têm um sistema imunitário mais forte do que o nosso. Elas não têm problema. Simplesmente não têm”, disse o Presidente.

A publicação foi retirada do Facebook – é a primeira vez que esta rede social apaga um post ligado a Donald Trump, apesar de já ter retirado propaganda política com referências nazis –, mas o Presidente e a sua equipa não ficaram proibidos de fazer novas publicações na rede social.

O Twitter, por seu turno, foi mais longe e bloqueou a conta da equipa de campanha do Presidente, impedindo-a de fazer novas publicações. Mais tarde, o vídeo em causa seria apagado e, na noite de quarta-feira, a proibição foi levantada. O vídeo chegou a ser partilhado pela conta oficial de Trump, mas foi retirado.

A porta-voz do Twitter, Liz Kelley, justificou a medida por considerar o vídeo em causa “uma violação das regras do Twitter relativas à desinformação sobre a covid-19”.

O Facebook utilizou o mesmo argumento: [O vídeo] inclui declarações falsas de que um grupo de pessoas é imune à covid-19, e isso é uma violação das nossas políticas sobre desinformação prejudicial sobre covid-19.”

Apesar de muitas crianças apresentarem sintomas mais leves de covid-19, os investigadores têm defendido que continuam a ser infectadas com a SARS-CoV-2 e a transmiti-la a outras pessoas, não só em casa, mas também nas escolas. Nos Estados Unidos, há registo de mais de 240 mil crianças com covid-19, tendo 300 delas contraído uma doença inflamatória grave, a síndrome inflamatória multissistémica, segundo os números do Centro para Prevenção e Controlo e de Doenças dos Estados Unidos, citados pelo Washington Post. Pelo menos seis crianças morreram devido à doença.

A três meses das presidenciais nos Estados Unidos, as empresas das redes sociais têm assegurado que não vão tolerar desinformação sobre a covid-19 e as eleições. O Twitter, por exemplo, admitiu fechar a contar de Donald Trump, caso este violasse as regras da rede social, e chegou a assinalar informação falsa divulgada pelo Presidente. Trump não gostou e ameaçou fechar as redes sociais.

Na quarta-feira, 20 procuradores norte-americanos enviaram uma carta ao director executivo do Facebook, Mark Zuckerbeg, pedindo que a rede social tome mais medidas para impedir a difusão do ódio e desinformação online.

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