Paulo José Miranda: “Não ter factos ajuda imenso a escrever. Os factos atrapalham muito”

Paulo José Miranda foi o primeiro vencedor do Prémio Saramago. A sua obra literária abrange a ficção, a poesia, o teatro, e o ensaio — é também autor da biografia de Manoel de Oliveira. Recentemente publicou Aaron Klein, um romance biográfico de um homem judeu que volta a Lisboa, cidade que conhecera na infância e o único lugar onde fora feliz.

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Nuno Ferreira Santos

A escrita de Paulo José Miranda (n. 1965) — o primeiro autor a ser distinguido com o Prémio Saramago, em 1999 — como que se renova de livro para livro, adapta-se a uma voz nova que conta cada nova história com os matizes que esta pede, mas sem nunca perder o estilo narrativo e a profundidade que lhe são próprias. É um escritor sem urgências de publicar, os livros chegam depois de anos de escrita e de maturação, por vezes muito tempo depois de estarem terminados. Assim aconteceu com o romance editado semanas antes do aparecimento da pandemia, Aaron Klein, título que remete para o nome da personagem: um homem judeu, nascido na Alemanha, que veio para Lisboa com os pais fugidos ao regime nazi, e que em 1949, com nove anos de idade, se mudou para Telavive, cidade onde viveu e trabalhou como tradutor e editor, até por volta dos 70 anos; por esta altura regressa a Lisboa, a cidade onde tinha conhecido a felicidade em criança. De certa maneira, este é um romance “biográfico”, que conta a vida de um homem. Curiosamente, o anterior livro de Paulo José Miranda, A Morte Não É Prioritária (Contraponto, 2019), é a biografia do cineasta Manoel de Oliveira.

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