Cartas ao director

Haja coerência política

As consequências trágicas (…) da crise pandémica fazem com que cada vez mais portugueses procurem o interior do país para viver. Só a Organização Novos Povoadores, que apoia negócios em zonas rurais, teve mais pedidos de migração da cidade para o campo no mês transacto que durante todo o ano de 2019. Uma excelente oportunidade para que os políticos ajam em conformidade com a estratégia que defendem há muito: combater a desertificação e a interioridade. É que, de uma vez para sempre, não podemos darmo-nos ao luxo de ter territórios devolutos, ao ponto de comprometer o futuro de Portugal e das gerações vindouras. E isso, como é óbvio, dispensa quaisquer tipo de argumentações mediante a realidade que temos de enfrentar.

Manuel Vargas, Aljustrel

Imóveis do Novo Banco 

Os (alguns) imóveis do Novo Banco foram vendidos ao desbarato e o processo envolveu a transferência de capitais para offshores. Além disso, toda a gestão dos activos do antigo BES deixam no ar múltiplas questões que nenhuma comissão de inquérito parlamentar irá conseguir esclarecer. Enquanto os contribuintes portugueses são sucessivamente chamados a injectar capital no Novo Banco, o conselho de administração calmamente vai destruindo o património remanescente. Provavelmente, as próprias vendas seriam nulas, uma vez que não respeitam os mecanismos de mercado ou se existisse a possibilidade de prova de má-fé. No entanto, o governo não está disponível para seguir por esses caminhos, preferindo criar espalhafatosas sessões parlamentares de resultados dúbios. Seria importante aumentar a transparência de todo o processo publicando todos os documentos relativamente à venda e gestão dos activos do Novo Banco.

João António do Poço Ramos, Póvoa de Varzim

Depois de casa roubada...

O acidente ferroviário em Soure, que causou dois mortos e vários feridos, por muitos inquéritos que se façam, ao cidadão comum que não percebe nada de controlos automáticos, de aplicações dessas modernices todas que as novas tecnologias nos oferecem, ocorre esta pergunta: então os operadores de via não teriam um papelinho no bolso a informar a que horas passava o comboio rápido, para não andarem pela linha? Nos tempos da bandeirinha do chefe de estação, dos apitos, talvez esse desastre não tivesse ocorrido; erro humano? Talvez, mas é difícil de aceitar que deixem trabalhadores na linha quando sabem que vai passar um comboio rápido; os inquéritos que por aí vão aparecer não vão tirar a responsabilidade de quem deixa andar pela linha trabalhadores na hora em que vai passar o rápido. As novas tecnologias poderão resolver muitos problemas, mas alguém foi o culpado; não venham agora com trancas nas portas, porque é inadmissível que este desastre tivesse ocorrido.

Duarte Dias da Silva, Lisboa

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