Queda da actividade turística menos acentuada em Junho devido aos residentes

Quase metade dos alojamentos turísticos terão estado encerrados ou sem hóspedes. Açores apresentam maior peso de estabelecimentos com cancelamentos de reservas.

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Rui Gaudencio

A queda da actividade turística foi menos acentuada em Junho em relação ao mês anterior, maioritariamente devido aos residentes, de acordo com a estima rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgada esta segunda-feira.

Em Junho, o sector do alojamento turístico deverá ter registado 500,5 mil hóspedes e 1,1 milhões de dormidas, o que corresponde a quedas de 81,7% e 85,1%, respectivamente, mas abaixo das registadas em Maio (de 94,2% e 95,3%, pela mesma ordem), segundo o INE.

As dormidas de residentes “terão diminuído 59,8% (-85,9% em Maio) e as de não residentes terão decrescido 96,0% (-98,4% no mês anterior)”, adianta a entidade.

Em Junho, quase metade (45,2%) dos estabelecimentos de alojamento turístico terão estado encerrados ou não registaram movimento de hóspedes.

“De acordo com os resultados de um questionário específico adicional que o INE promoveu durante os meses de Junho e Julho, 62,6% dos estabelecimentos de alojamento turístico respondentes (representando 78,6% da capacidade de oferta) assinalaram que a pandemia covid-19 motivou o cancelamento de reservas agendadas para os meses de Junho a Outubro de 2020, maioritariamente dos mercados nacional e espanhol”, salienta.

A maioria dos estabelecimentos que previam estar em actividade entre Junho e Outubro contavam registar “taxas de ocupação inferiores a 50% em cada um desses meses”.

De acordo com o INE, mais de metade (57%) dos estabelecimentos turísticos não prevê alterar os preços praticados face ao ano anterior, enquanto cerca de um terço (34,9%) admite vir a reduzir os preços, “encontrando-se maioritariamente localizados na AM Lisboa e no Algarve (58,8% e 54,5% dos estabelecimentos, respectivamente)”.

Face a aplicação de medidas de distanciamento social e de higiene e limpeza dos estabelecimentos, quase metade (49,1%) dos estabelecimentos adiantaram que a capacidade de oferta será reduzida, “principalmente decorrente do aumento do intervalo de tempo entre o ‘check-out’ [saída] e o ‘check-in’ [entrada] dos hóspedes (55,9% dos estabelecimentos) e da redução do número de quartos (48,6%)”.

No mês em análise, o Alentejo “destacou-se ao apresentar uma diminuição do número de dormidas de 48,4% (-31,2% no caso dos residentes e -84,7% no de não residentes)”.

A totalidade dos principais mercados emissores de turistas “manteve decréscimos expressivos em Junho, superiores a 90%”.

A Região Autónoma dos Açores foi a que “apresentou maior peso de estabelecimentos com cancelamentos de reservas (94,1% dos estabelecimentos e 91,3% da capacidade oferecida), seguindo-se o Algarve (79,2% e 89,6%, respectivamente), a Região Autónoma da Madeira (76,5% e 91,3%, pela mesma ordem) e a Área Metropolitana de Lisboa (73,8% e 84,6%, respectivamente)”, refere o INE.

“Quando questionados sobre os principais mercados com cancelamentos de reservas entre Junho e Outubro (podendo cada estabelecimento identificar até três mercados), o mercado nacional foi o mais referido, tendo sido identificado por 49,3% dos estabelecimentos de alojamento turístico”, adianta.

O mercado espanhol foi o segundo mais referido (46,8% dos estabelecimentos), seguindo-se os mercados britânico (37,5%), francês (33,3%) e alemão (25,0%).

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