Acidente com Alfa Pendular: IP defende que seguiu as recomendações dos peritos

Presidente da Infraestruturas de Portugal deu conta do que a empresa fez na sequência das recomendações do GPIAAF que podiam ter evitado o acidente de sexta-feira, em Soure. E sublinhou que a investigação ainda está a decorrer sobre as suas causas.

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Acidente em Soure ocorreu a 31 de Julho Sergio Azenha

A Infraestruturas de Portugal (IP) demorou dois anos a conseguir uma proposta para a instalação de tecnologia “Convel” (controlo de velocidade) em parte da rede nacional. Proposta aceite pela IP foi apresentada há uma semana, a 22 de Julho, e processo deverá demorar cerca de 12 meses para desenvolvimento e validação do protótipo. Esta foi uma das explicações que o presidente da empresa, António Laranjo, deu em conferência de imprensa esta segunda-feira, face às recomendações de peritos que poderiam ter evitado o acidente da última sexta-feira, em Soure.

A instalação desta tecnologia “Convel” é uma das recomendações que fazia parte do relatório do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF) que a IP recebeu em 2018, devido a um acidente semelhante em 2016. Este problema tem sido associado ao acidente com o Alfa Pendular em Soure, que fez dois mortos.

Em conferência de imprensa, o presidente da IP sublinhou que ainda se estão a apurar as causas do acidente e alegou que os órgãos de comunicação social estão a divulgar “informação incorrecta face ao não cumprimento por parte da IP das normas do GPIAAF [referidas no relatório]”.

No que diz respeito à tecnologia “Convel” o vice-presidente da IP, Carlos Fernandes, explicou que esta tecnologia existe desde os anos 80, “continua a ser fiável e segura”, no entanto, “passados 27 anos a instalação de “Convel” não esta a 100% na rede nacional”. “Temos cerca de 1600 quilómetros com ‘Convel' e sinalização electrónica instalada, e faltam cerca de 950 quilómetros”, disse.

Após a recepção do relatório referente a 2016, a IP inclui “imediatamente no seu orçamento [para 2019 e 2020] verbas necessárias para fazer este investimento, cerca de quatro milhões de euros”, afirmou Carlos Fernandes.

Um mês depois de terem o relatório nas mãos, começaram à procura de fornecedores. Contactaram o fornecedor português que já tinha instalado a tecnologia “Convel" na restante rede, mas a proposta da empresa chegou apenas em Janeiro de 2019 e foi reprovada pela IP.

Assim continuaram até 22 de Julho de 2020, ainda antes do acidente em Soure (31 de Julho). Nesta data receberam uma “proposta credível sólida e com possibilidade de ser implementada na rede” de outra empresa portuguesa. Ainda assim, essa mesma proposta “pressupõe um período de cerca de 12 meses para o desenvolvimento e validação do protótipo” explicou o vice-presidente da IP. Depois de finalizado ainda vem o período de instalação. No entanto, congratulou-se por a IP já poder dar início à recomendação feita pelo GPIAAF.

António Laranjo garantiu, em resposta à RTP, que este atraso não foi provocado por condições monetárias.

Quanto à questão da aptidão e formação dos condutores, Luísa Garcia, directora de segurança, começou por dizer que a IP deu 18 mil horas de formação nos últimos três anos. “O programa dos conteúdos de formação destes veículos estão estabelecidos num documento regulamentado do IMT [Instituto da Mobilidade e dos Transportes]. A IP é certificada pelo IMT para as questões de formação, sendo a verificação do conhecimento dos candidatos efectuado pelo IMT”, esclareceu.

No que diz às comunicações entre veículo e centro de comando, a directora de segurança explicou que no final de 2019 terminou “com sucesso os testes à solução de comunicações” entre os dois. No entanto, houve um atraso na sua implementação devido à pandemia, mas está agora em andamento.

Quanto às restantes normas presentes no relatório do GPIAAF, Luísa Garcia indicou que todas elas foram seguidas, nomeadamente todas as regras de segurança ferroviária.

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