Milhares de pessoas voltam a protestar contra Putin no extremo oriente russo

Há quatro semanas consecutivas que Khabarovsk, perto da fronteira com a China, é palco de grandes manifestações anti-governamentais.

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Manifestante detido durante protesto em Khabarovsk este sábado Reuters/ANTON VAGANOV

Pelo quarto sábado consecutivo, milhares de pessoas marcharam pelas ruas de Khabarovsk, cidade no extremo oriente da Rússia, em protesto contra o Governo de Vladimir Putin e em defesa do governador da região, preso recentemente.

A chuva forte que se abateu sobre a cidade, capital da província com o mesmo nome, não desmobilizou aquele que já se tornou um ritual desde que o governador Serguei Furgal foi preso, a 9 de Julho, acusado de homicídio.

Os habitantes de Khabarovsk acreditam que as acusações são uma penalização política imposta pelo Kremlin por Furgal, que pertence ao Partido Liberal Democrata (nacionalista), ter derrotado o candidato do Rússia Unida, no poder em Moscovo. A sua prisão motivou uma onda inédita de contestação nesta região a sete fusos horários da capital.

Tradicionalmente, a oposição ao Presidente Vladimir Putin concentra-se nos grandes centros urbanos ocidentais, como Moscovo e São Petersburgo.

Este sábado milhares de pessoas voltaram a manifestar-se com gritos de “Liberdade” e apelos à demissão de Putin, que recentemente viu o caminho aberto para se manter no poder por mais 16 anos. As autoridades municipais estimavam que 3500 pessoas tenham aderido ao protesto, mas alguma imprensa local apontava para mais de dez mil, segundo a Reuters.

O protesto está a ser visto também como uma forma de a população do extremo oriente russo manifestar desagrado com a falta de atenção que a região diz sofrer. “Vivemos na ponta do mundo, este é o país mais rico, mas vivemos na pobreza e nós, os reformados, temos de trabalhar”, disse à Reuters uma manifestante.

Os protestos populares são um tema sensível para o Kremlin que costuma ter mão pesada para qualquer manifestação de oposição. Esta semana, dois manifestantes foram detidos e multados em dez mil rublos (114 euros).

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