Empresários estimam perda de 64 milhões de euros em Julho no turismo açoriano

Pandemia do novo coronavírus está a reduzir número de dormidas de forma acentuada, fazendo de 2020 um ano de fortes perdas para o sector do turismo no arquipélago

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Paulo Pimenta

O turismo terá perdido nos Açores em Julho cerca de 64 milhões de euros, em termos homólogos, e 2020 deverá registar quebras superiores a 80%, segundo o vice-presidente da Câmara do Comércio e Indústria da região.

Em declarações à agência Lusa, o também presidente da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, Mário Fortuna, refere que os registos de visitantes e dormidas do mês de Julho “vão ser muito fracos para os que abriram, com taxas de ocupação a rondar os 10%”. “Quer dizer que em percentagem global do que se vendeu no ano passado não devemos atingir os 5%”, admite.

O economista considera tratar-se de “um rombo muito grande, num dos meses mais fortes da época alta”, já que Julho “representou cerca de 15% das dormidas de todo o ano passado”. “Em Julho de 2019, visitaram os Açores 136.202 turistas, para um total de 447.000 dormidas. Se cada dormida gerar em média 150 euros de VAB [Valor Acrescentado Bruto], estamos a falar de cerca de 67 milhões de euros que ficam reduzidos a 3,3 milhões, uma perda de cerca de 64 milhões de euros. Há algumas medidas compensatórias, mas o essencial do impacto vai sentir-se de uma forma ou de outra”, explica Mário Fortuna.

Para o mês de Agosto as perspectivas “não são, para já, muito animadoras, dado o fraco registo de Julho”. O dirigente ressalva que este mês “deverá ser, mesmo assim, consideravelmente melhor do que Julho, mas dentro dos patamares muito baixos a que se tem assistido”.

A Câmara do Comércio dos Açores tinha perspectivado uma quebra de 80% em 2020, mas o responsável teme que seja necessário “rever esta perspectiva para um registo ainda pior”. Até ao final do ano as perspectivas “não são boas, porque não são evidentes os sinais de os turistas voltarem a querer viajar em face de todas as contingências colocadas aos viajantes”, como os “testes obrigatórios, quarentenas igualmente obrigatórias ou com a mera percepção de que com as dúvidas existentes não vale a pena viajar”.

Em termos de retoma, o economista está convicto de que “o caminho será longo”, sendo que as projecções “estão colocadas em dois a três anos para se recuperar os níveis de 2019”.

“Acho, mesmo assim, que esta perspectiva é optimista. Importaria saber quanto se vai recuperar já em 2021, porque, de facto, muitas empresas não terão fôlego para uma caminhada longa neste deserto. É uma incógnita que será afectada pelas políticas públicas para o sector do turismo e pela celeridade com que aparecerá uma vacina ou uma terapêutica claramente eficaz”, declara.

Segundo o Indicador de Turismo (IT) do Serviço Regional de Estatística dos Açores, as dormidas na hotelaria tradicional, no turismo no espaço rural e no alojamento Local durante o mês de Junho de 2020 terão sido cerca de 10 mil. Desde meados de Março a actividade do sector do turismo sofreu uma “forte quebra, situação que se manteve até ao final do mês de Maio”. E durante o mês de Junho, e à semelhança do sucedido noutros sectores de actividade, os alojamentos turísticos começaram a reabrir e alguns voos de ligação ao exterior foram retomados, estimando-se que “entre um terço e metade dos alojamentos turísticos estariam reabertos”.

Lusa/Fim

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