Senhor do Comércio e da Conquista

A pesquisa é rigorosa e aborda os territórios mais importantes: o das maquinações políticas que alcançaram, na altura, patamares complexos, o da rápida alteração nas principais economias — a descoberta do caminho marítimo para a Índia e consequente colapso do comércio de especiarias dos árabes que controlavam as rotas por terra — sem esquecer o espaço dos afectos, o das paixões e o do quotidiano.

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Nuno Ferreira Santos

O romance histórico é um produto híbrido. Se, por um lado, deve seguir factos e referências contidas numa disciplina (a História, que persegue a “verdade” e se abstém de “inventar”) o romance como género é, naturalmente, um relato fantasioso, essencialmente “mentiroso”. Aristóteles estabeleceu os limites entre História e Literatura, mas desde então, tudo mudou. A História limita-se, tanto quanto possível, ao relato “do que aconteceu”, baseando-se em documentação e vestígios, enquanto que a Literatura (Poesia, no caso de Aristóteles) se dedica a relatar “o que poderia ter acontecido”. Ser capaz de entrelaçar estas duas vertentes é o que determina o valor de uma determinada obra. A questão vem dos tempos de Heródoto e nunca deixou de perturbar os puristas, uma vez que parece existir uma contradição insanável entre uma possível realidade e a imaginação. Em termos latos, este subgénero literário, como hoje o conhecemos, deu os primeiros passos no século XIX com o escocês Walter Scott e não tardou a ser seguido, em Portugal, por Alexandre Herculano. Com o Romantismo e os seus arroubos nacionalistas, a História, mais ou menos embelezada, continuou a servir, também, como instrumento político e assim tem continuado, até aos nossos dias.

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