Região de Lisboa teve 83% das mortes de Julho. Casos activos descem há cinco dias

Casos diários cresceram 0,4% e mortes 0,5%. Lisboa e Vale do Tejo concentra grande parte dos novos casos (63%) e todas as mortes das últimas 24 horas. Há menos quase 147 casos activos em relação a esta quinta-feira. Uma das vítimas mortais desta sexta-feira tinha entre 30 e 39 anos.

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Hospital de São João, Porto. Serviço de doenças infecciosas foi preparado para receber casos de covid-19 paulo pimenta

Nas últimas 24 horas morreram oito pessoas por covid-19 em Portugal, um aumento de 0,5% em relação a esta quinta-feira. No total, a doença já fez 1735 vítimas mortais. Os números desta sexta-feira da Direcção-Geral da Saúde (DGS) dão conta de mais 204 pessoas infectadas, uma taxa de crescimento de 0,4% e que eleva para 51.072​, o número total de casos identificados desde 2 de Março.

Das novas infecções desta sexta-feira, 63% foram registados em Lisboa e Vale do Tejo (LVT) e 24% na região Norte. Foi também na região de LVT que foram registadas as oito mortes das últimas 24 horas. Existem, neste momento, 381 pessoas internadas (menos 22 que na quinta-feira) — 41 destas estão nos cuidados intensivos (menos uma). Há 1650 pessoas a aguardar resultados laboratoriais e 35.757​ a serem acompanhadas pelas autoridades de saúde.

Recuperaram da infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2 mais 343 pessoas, num total de 36.483​ . Há 12.854 casos activos de infecção, menos 147 que na quinta-feira — este indicador está a descer desde o início desta semana. A taxa de letalidade global da doença é de 3,4%.

Lisboa e Vale do Tejo é a região que tem o maior número acumulado de casos no país – ao todo, são 26.067​ os registos de infecção (128 nas últimas 24 horas) e 604 mortes por covid-19 (oito nas últimas 24 horas). Além disso, esta região concentrou 83% (ou 129) das 156 mortes por covid-19 desde o início de Julho e até esta sexta-feira.

O Norte tem 18.675 casos (mais 49) e 828 mortes. No Centro foram registados quatro novos casos, num total de 4439 infecções e 252 mortes. O Alentejo totaliza 734 casos (17 novos) e 21 mortes (14 desde o início do mês).

No Algarve há 883 casos de infecção confirmados (cinco nas últimas 24 horas) e o número de mortes mantém-se em 15 pelo menos desde o início de Julho. A Madeira totaliza 106 casos de infecção e nenhuma morte. Já os Açores registam 168 casos (mais um) e 15 mortes desde o início da pandemia.

Olhando para o indicador da distribuição das infecções por concelho, cuja actualização é feita semanalmente às segundas-feiras, é possível perceber que Lisboa tem o maior número de casos confirmados (4408), seguida de Sintra (3695 casos), da Amadora (2185) e Loures (2284). Vila Nova de Gaia (1805), Odivelas (1512), Porto (1447), Matosinhos (1316), Cascais (1382) Braga (1269), Gondomar (1107), Vila Franca de Xira (1026 casos) e Oeiras (1073) são outros concelhos com mais de mil casos já detectados.

Os dados do relatório da DGS indicam que, do total de mortes registadas, 868 são mulheres e 867 homens. As oito mortes registadas nas últimas 24 horas são referentes a três cidadãos acima dos 80 anos (um homem a duas mulheres), três homens entre os 70 e os 79 anos, um homem entre os 60 e os 69 anos e uma mulher entre os 30 e os 39 anos.

A covid-19 é mais mortal na faixa etária acima dos 70 anos: a doença matou 1500 pessoas com estas idades — em todas as faixas etárias foram registadas 1735 mortes. Ainda assim, é nas camadas mais jovens que se detectam mais casos de infecção. Entre os 10 e os 49 anos, já foram confirmados 26.952 casos (dos 51.072 detectados em todas as faixas etárias).

Estudo serológico é representativo, garante INSA

Esta sexta-feira foram conhecidos os resultados do Inquérito Serológico Nacional sobre a covid-19 do Instituto Nacional Ricardo Jorge (INSA). O inquérito revelou que o número real de infectados em Portugal é seis vezes superior ao número de casos confirmados pela Direcção-Geral da Saúde e calculou que 300 mil pessoas já terão sido infectadas pelo vírus.

A coordenadora do inquérito, Ana Paula Rodrigues, garantiu que o estudo é realista apontando que o INSA teve “cuidado de escolher na determinação aleatória dos concelhos que foram seleccionados, de forma a termos distribuição geográfica e etária representativa da população portuguesa”.

Ana Paula Rodrigues também informou que serão realizados mais estudos, com outras características, mas não ainda data para a realização dos mesmos. “A prioridade nesta altura será manter esta vigilância do nível de anticorpos na população portuguesa, ou seja, repetir estudos deste género, com amostras de dimensão diferentes. Haverá questões e objectivos diferentes para este estudo, como olhar com mais atenção para alguns grupos etários ou regiões do país”.

O inquérito do INSA aponta ainda que um total de 3% da população portuguesa está temporariamente protegida contra a covid-19, graças à presença de anticorpos, não sendo ainda conhecida a duração dessa imunidade.

A directora-geral da Saúde, Graça Freitas, garantiu que a estratégia de testagem da população não vai mudar, agora que se sabe que a percentagem de população que esteve em contacto com a covid-19 foi de 2,9%, de acordo com os dados do inquérito serológico. Além disso, Graça Feitas alertou contra rastreios indiscriminados, dizendo que são “inúteis”.

“Sabemos que esta infecção apresenta muitos casos assintomáticos e sabemos que não se devem fazer rastreios indiscriminados na população. Um rastreio deve ser feito em função da suposta prevalência de um determinado fenómeno, e quando um fenómeno existe pouco – e neste caso percebe-se que só em 2,9% da população é que foram encontrados anticorpos – quer dizer que, apesar dos nossos receios e do impacto que esta doença tem, o vírus circulou pouco na população em geral. Portanto não estão previstos rastreios indiscriminados em nenhuma parte do mundo. São feitos em função de uma avaliação do risco que uma pessoa assintomática tem de poder ter a doença”, disse a directora-geral da Saúde, que salientou que realizar os rastreios têm também de ser feitos pensando no investimento e retorno para a saúde.

Obesidade pode ser factor de risco

Um dos óbitos registados nas últimas 24 horas foi de uma mulher de 39 anos e Graça Freitas disse que a vítima mortal tinha outras patologias associadas, nomeadamente obesidade.

Graça Freitas afirmou que “apesar de não ser frequente a mortalidade nestas idades, acontece e, sobretudo, como neste caso, havia patologia associada e um factor que começa a ser observado na mortalidade em pessoas relativamente jovens, que é a presença de obesidade”. A directora-geral da Saúde apontou ainda que a obesidade “começa a ser descrito em estudos internacionais como um factor de risco” para a covid-19.

Questionada também sobre como será distribuída a vacina para a gripe sazonal, Graça Freitas lembrou que o grupo prioritário para a Direcção-Geral da Saúde são sempre os idosos, e salientou as dificuldades que as autoridades de saúde tiveram que ultrapassar para obter as vacinas.

“O mercado de vacinas para a gripe sazonal é um grupo muito restrito. Em todo o planeta, tem que se fazer duas vezes por ano uma vacina diferente para os dois hemisférios. Conseguimos adquirir estas vacinas com grande empenho, quero do Ministério da Saúde, quer da indústria farmacêutica que trabalha com o ministério. As doses serão dadas com o critério que usamos sempre: a população mais vulnerável será a que prioritariamente será vacinada. Dito isto, a nossa primeira prioridade são as pessoas que estão nos lares. Estas pessoas estão em sítios circunscritos, estão juntas, portanto estes serão o primeiro dos grandes grupos a vacinar. Depois, obviamente, os profissionais de saúde”.

Graça Freitas também recordou que os 2 milhões de doses adquiridas foi a maior quantidade de vacinas para a gripe sazonal alguma vez adquirida pelo Ministério da Saúde.

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