“Peguei mofo no pulmão.” Bolsonaro está a tomar antibióticos devido a infecção pulmonar

Depois de uma acção de campanha no Nordeste, no mesmo dia em que a primeira-dama foi diagnosticada com SARS-CoV-2, o Presidente brasileiro disse que está com uma “pequena infecção”.

Jair Bolsonaro: “Peguei mofo no pulmão”

Jair Bolsonaro revelou na quinta-feira que está a tomar antibióticos devido a uma infecção pulmonar, dias depois de ter anunciado que já está curado da covid-19.  O Presidente brasileiro não deu mais detalhes quanto à infecção, mas ironizou, ao afirmar que tem “mofo no pulmão”.

“Acabei de fazer um exame ao sangue porque estava com um pouco de fraqueza ontem [quarta-feira] e eles encontraram uma pequena infecção. Estou a tomar antibióticos porque depois de 20 dias em casa, a gente pega outros problemas. Peguei mofo, mofo no pulmão”, afirmou Bolsonaro, numa transmissão ao vivo no Facebook, a partir do Palácio da Alvorada, em Brasília, acompanhado pelo ministro das Infraestruturas, Tarcísio de Freitas.

No passado dia 7 de Julho, o Presidente brasileiro anunciou que, após apresentar sintomas de covid-19, realizou um teste de despistagem à SARS-CoV-2, tendo o resultado dado positivo. Desde então, tem tomado e promovido a hidroxicloroquina, um medicamento utilizado para tratar a malária e outras doenças auto-imunes, cuja eficácia no tratamento da covid-19 não está comprovada, e, ao contrário das indicações das autoridades de saúde, saiu várias vezes do seu isolamento para fazer caminhadas, em alguns casos sem utilizar máscara. No passado sábado, 25 de Julho, Bolsonaro disse estar curado da doença, depois de apresentar um teste negativo.

No mesmo dia em que o Presidente brasileiro revelou estar a tomar antibióticos devido a uma infecção pulmonar, foi anunciado que a sua mulher, Michelle Bolsonaro, está infectada com o novo coronavírus. Segundo o gabinete da presidência, a primeira-dama, de 38 anos, está em “bom estado de saúde” e a seguir “todos os protocolos estabelecidos”. Durante a transmissão a partir da sua residência oficial, notam os media brasileiros, Bolsonaro não fez qualquer referência ao estado de saúde da mulher.

Antes da transmissão em directo no Facebook, o Presidente do Brasil fez campanha pelo país, tendo viajado mais de 2500 quilómetros até ao Nordeste, segundo o El País Brasil, onde visitou duas cidades – São Raimundo Nonato e Campo Alegre de Lourdes – e promoveu aglomerações de apoiantes, na única região onde não foi o candidato mais votado nas presidenciais de 2018. Esta sexta-feira, Bolsonaro vai continuar o seu roteiro pelo país, contrariando as indicações das autoridades de saúde, desta feita no Rio Grande do Sul.

Na quinta-feira, o Presidente brasileiro disse ainda que o Brasil faz parte de um consórcio de países que está a colaborar com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, para a produção da vacina contra a SARS-CoV-2, aproveitando para visar a China: “Pelo que tudo indica, vai dar certo. Cem milhões de unidades chegarão para nós. Não é daquele outro país [China], é de Oxford.”

Bolsonaro aproveitou, novamente, para promover a hidroxicloroquina, referindo que os ministros Ony Lorenzoni e Milton Ribeiro, da Cidadania e da Educação, respectivamente, também estiveram infectados com o coronavírus  e que tomaram o medicamento. Na quinta-feira, o ministro da Ciência, Marcos Pontes, tornou-se no quinto membro do Governo brasileiro a ser diagnosticado com o vírus – os outros dois são Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Nacional) e Bento Albuquerque (Minas e Energia).

Desde o início da pandemia, segundo os dados da Universidade Johns Hopkins, o Brasil, segundo país mais afectado pela covid-19 no mundo, a seguir aos Estados Unidos, regista mais de 2,6 milhões de casos positivos e mais de 91 mil mortes devido à doença.

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