Este ano o Porto Pianofest tem o seu palco principal na Internet

Festival decorre de 1 a 8 de Agosto, com concertos a partir de Nova Iorque e Chicago, Porto e Gaia. “Vai ser tipo uma temporada de Netflix”, diz o director, Nuno Marques.

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André Rodrigues

Quando, no passado mês de Fevereiro, o pianista Nuno Marques fez em Nova Iorque uma primeira apresentação da quinta edição do festival que dirige, o Porto Pianofest, não imaginava que o futuro lhe traria (e ao mundo) circunstâncias totalmente diferentes da normalidade. Passados seis meses de disseminação global da pandemia da covid-19, o festival vai adaptar-se aos novos tempos e realizar-se sobretudo online, entre os Estados Unidos – onde o pianista famalicense está radicado há anos e as cidades do Porto e de Gaia.

Ao longo da primeira semana de Agosto, entre este sábado e o próximo (dias 1 a 8), sete dezenas de músicos da Europa e dos Estados Unidos vão realizar concertos e performances que poderão ser acompanhados em directo no site do festival.

Para Nuno Marques, “a parte mais divertida e diferente do festival este ano” vai ser a “estreia” diária de dez vídeos musicais, que passarão no site do Porto Pianofest, feitos por 60 músicos profissionais, com várias intervenções ao vivo e em directo. “Vai ser tipo uma temporada de Netflix, em que libertamos episódios todos os dias, que depois ficam na nossa página”, acrescentou o pianista e fundador do festival em declarações à agência Lusa.

Mas o programa da edição deste ano do Porto Pianofest inclui também dois concertos com a presença do público: no dia 7, às 19h, na Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto, actuam os pianistas Nuno Ventura de Sousa e Hugo Peres, que o director do festival apresenta como “dois jovens talentos”; e a fechar o festival, às 20h do dia 8, no novo espaço World of Wine, inaugurado esta semana em Vila Nova de Gaia, toca o violoncelista Fernando Costa.

Estes dois concertos vão ser também transmitidos em directo na Internet, com a apresentação, a partir de Nova Iorque, de Nuno Marques e da vice-directora do festival, Mariel Mayz, também pianista e compositora norte-americana.

O director do Porto Pianofest acredita que, apesar de forçada por circunstâncias inesperadas, a transmissão do evento online constituirá uma boa “forma de mobilizar artistas e de dar uma lufada de ar fresco”, atraindo públicos de todo o mundo, de forma gratuita, já que “a adesão tem sido tremenda”. “Convidámos cerca de 70 pianistas para estarem connosco e para nos enviarem uma gravação feita de propósito para este festival, de algo que os representasse enquanto músicos”, explicou o pianista à Lusa, acrescentando que a única condição foi os artistas escolherem “algo que mostre o melhor deles”.

Segundo Nuno Marques, quando um músico publica a sua arte num perfil pessoal nas redes sociais, as visualizações são limitadas, porque só chegam aos seguidores daquele músico. “Vamos reunir toda a gente à nossa volta e vamos nós publicar , para que toda gente possa chegar a um público muito mais vasto”, acrescentou o pianista.

Nos dias 2 e 3, o festival conta com transmissões em directo de concertos desde Nova Iorque e Chicago, respectivamente com o próprio Nuno Marques em duo com a violoncelista Christine Lamprea, e com o pianista José Ramon Mendez.

Além dos concertos – com a actuação de pianistas como Lisa Yui, Paulo Oliveira, Jean Michel Pilc, Joana Gama, Bruno Belthoise, João Vasco, Andrews Sill, Matti Hirvonen, Luísa Tender, Kimball Gallagher e Juan Carlos Fernandez Nieto –, o programa do Porto Pianofest inclui ainda tertúlias, debates e uma conferência, no dia 4, com o maestro espanhol Oscar Colomina i Bosch a falar, a partir de Madrid, sobre direcção de orquestra e a sua experiência como director da Escola Superior de Música Rainha Sofia.

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