Alegria amarga

O autor espanhol regressa em tom confessional, numa busca continuada de serenidade e equilíbrio. Os laços parentais parecem ser para ele uma das janelas de onde se avista a alegria.

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Manuel Vilas parte da ideia de que tudo o que se perdeu, mas que não nos conseguiu destruir, acaba “transformado em alegria” Miguel Manso

O mais recente romance do espanhol Manuel Vilas (n. 1962), E, de Repente, a Alegria — finalista do prémio Planeta — não é, propriamente, a continuação do livro anterior, Em tudo havia beleza (2019, Alfaguara), mas antes uma consequência deste. Ambos podem ser lidos separadamente. No entanto, os fantasmas que o povoam e o registo narrativo que os tenta iluminar, algures entre o tom confessional e aquilo que passou a chamar-se autoficção, são os mesmos. Não corta com o livro anterior, tão-pouco inverte a direcção da sua busca interior. Se no romance anterior a personagem-narrador-autor falava como filho (tentando recuperar pela memória a relação com os pais mortos, que por vezes se assemelhava mais a uma devoção idealizada do que a amor filial), neste livro fala sobretudo como pai, evocando bastas vezes a sua relação com os dois filhos. Da dor dos pais ausentes leva-nos agora ao seu amor pelos filhos (sobretudo por um deles, com quem viaja de vez em quando). “Um pai e um filho tão vulneráveis um quanto o outro”, escreve.

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