Governo diz que “grande parte dos incêndios dos últimos dias são evitáveis”

O ministro da Administração Interna esteve reunido esta manhã com a Protecção Civil para um balanço da resposta aos incêndios que têm assolado o país.

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Ministro da Administração Interna proíbe trabalhos rurais até meia-noite de quarta-feira Nelson Garrido

Evitáveis. É assim que o ministro da Administração Interna descreve a maior parte dos incêndios que nos últimos dias têm queimado hectares de terra no país e que este ano já causaram a morte de três operacionais no combate às chamas. E por isso, haverá novas proibições até terça-feira. À saída da reunião com o Centro de Coordenação Operacional Nacional (CCON), na Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, em Carnaxide, o governante assinalou o elevado número de incêndios rurais no país durante os “últimos dias” e deixou uma crítica à população: “Grande parte dos incêndios são evitáveis”. 

Num tom de apelo, o ministro Eduardo Cabrita assinalou que o incêndio de Vale de Cambra começou com um churrasco e que o incêndio de Vila Flor foi causado “por trabalhos agrícolas”. Por isso, o ministro afirmou que serão proibidos “todos os trabalhos em espaço rural, excepto os de combate em incêndios florestais e garantia de alimentação dos animais pelo menos até às 24h de terça-feira”.

De acordo com Eduardo Cabrita, a média do mês de Julho, “sobretudo nos últimos dez dias”, ronda os 120 incêndios por dia. Este sábado, exemplifica, registaram-se 123 incêndios, nos quais participaram aproximadamente 4000 operacionais e 103 intervenções de meios aéreos. 

O ministro da Administração Interna destacou os incêndios “com dimensão significativa": dois em Ponte de Lima, um em Vinhais e um em Vila Flor. Eduardo Cabrita elogia a “capacidade operacional” no combate aos 2000 incêndios registados só no mês de Julho.

Quanto ao incêndio que se continua a alastrar no concelho de Oleiros, distrito de Castelo Branco, o ministro precisou que estão no terreno 706 operacionais, 214 veículos e 14 meios aéreos a combater as chamas. Mas apesar de garantir que todos os meios necessários estão mobilizados, admitiu que os trabalhos de combate possam durar até terça-feira. “É preciso dizê-lo com realismo”, afirmou este domingo, numa conferência de imprensa que arrancou às 12h, altura em que o incêndio tinha ainda três frentes activas. As temperaturas até aos 43º Celsius, os ventos superiores a 65 km/h e os níveis de humidade muito baixos estão a dificultar o combate.

Eduardo Cabrita lamenta morte de bombeiro

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, lamentou também a morte do bombeiro de 21 anos, que morreu durante o combate ao incêndio ainda activo em Oleiros. O governante destacou que foi colocada a possibilidade de a corporação de bombeiros de Proença-a-Nova, à qual pertencia o bombeiro que morreu, ser dispensada das operações de combate às chamas. “Foram os primeiros a dizer que estarão presentes ao lado dos camaradas de outras corporações”, elogiou o ministro. Eduardo Cabrita desejou as melhoras aos restantes quatro bombeiros que ficaram feridos nesse “trágico acidente”.

O governante sublinha que os trabalhos de combate têm como prioridade a salvaguarda da vida humana e que por isso os operacionais deverão avançar para “as evacuações que se vierem a demonstrar necessárias”. 

Responsabilidade é de todos

Eduardo Cabrita defende que neste momento se discute a linha da resposta, mas contrapõe que o desafio essencial é “a mudança da floresta e a responsabilidade de todos os proprietários”. “É um combate que tem de ser feito todo o ano, não é nesta altura. Neste momento a prioridade é o combate para a defesa da segurança das populações”, concluiu. 

O ministro avisou ainda que “pirotecnia, trabalhos agrícolas com máquinas e uso do fogo na floresta são crime e serão tratados como tal pelas autoridades responsáveis pela vigilância, a começar pela GNR”.

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita ainda repudiou o homicídio de Bruno Candé. “Houve uma intervenção da PSP, que deteve de imediato o alegado responsável”, contextualizou, para depois acrescentar que “as autoridades judiciárias tomarão as suas decisões” relativamente ao crime que o Governo repudia “vivamente”.

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