Produção de papel e cartão recuou 4,5% na Europa até Maio

Celpa avisa que o desempenho do sector vai sofrer o impacto da contracção económica do PIB, tanto na União Europeia como na Zona Euro, mas realça que “a pandemia pode trazer novas oportunidades”. No segmento da embalagem, por exemplo.

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NELSON GARRIDO

A produção industrial das empresas associadas da Cepi – Confederação Europeia de Produtores de Pasta de Papel, de que faz parte a portuguesa Celpa - Associação da Indústria Papeleira, assim como associações similares de mais 17 de países europeus, “manteve-se estável no ano passado”. Na visão da associação portuguesa, isso demonstra “uma posição robusta nos mercados de destino” dos produtos produzidos nas fábricas europeias, de cuja produção total 22% se destina a mercados fora da Europa.

No segmento pasta, a produção cresceu 6,1% em 2019, fruto de “avultados investimentos para aumentar a sua capacidade”, de acordo com um comunicado divulgado pela Celpa. Fruto desses investimentos, “as exportações dispararam 48%”.

Já em 2020, “nos primeiros cinco meses, e devido ao impacto da pandemia [de] covid-19, a produção de papel e cartão recuou 4,5%” na Europa. Questionado pelo PÚBLICO sobre as quebras no nosso país, Luís Veiga Martins, secretário-geral da Celpa, esclarece que “os números de Portugal não estão apurados”.

Esta redução a nível europeu é, “ainda assim, um valor relativamente pequeno face à queda de 20,4% do conjunto das indústrias transformadoras”, diz Veiga Martins. Segundo aquele responsável, o efeito da covid-19 na indústria da pasta e do papel foi “menos pronunciado do que noutros sectores, devido à resiliência intrínseca” desta área de negócio.

Já o consumo de papel e de cartão “caiu ligeiramente na sequência do abrandamento da economia na União Europeia”. Questionado sobre quanto significa “ligeiramente”, Luís Veiga Martins fala de uma queda “aparente” na Europa de “3,4%”. Em relação a Portugal, o secretário-geral da Celpa faz notar que “os números [ainda] não estão disponíveis”, dado que o boletim estatístico referente a 2019 apenas deverá ser publicado “no próximo mês”.

“Perspectiva positiva para a indústria do papel”

A pandemia não trouxe apenas quebra na produção industrial. Não só a procura doméstica por produtos de higiene em papel se “manteve relativamente alta nos primeiros meses deste ano” – com o segmento das embalagens “a beneficiar do aumento do comércio electrónico” –, como a taxa de utilização de papel reciclado está em crescendo.

No período de confinamento que se seguiu à declaração de estado de emergência, diz a Celpa, “a prioridade da indústria papeleira foi garantir que os produtos, nomeadamente alimentares, de saúde e de higiene, chegavam aos consumidores”. E assegura que “a indústria da pasta e do papel esteve a trabalhar em pleno e articulou-se com as restantes indústrias para garantir a segurança e transporte, apesar das restrições impostas pelo confinamento”.

Apesar disso, este ano, “o desempenho do sector vai sofrer o impacto da contracção económica do PIB, tanto na União Europeia como na Zona Euro”, que a Comissão Europeia estima em -8,3% e -8,7%, respectivamente.

Os dados da Cepi que a Celpa acaba de revelar dizem, no entanto, que para o próximo ano a economia da União Europeia já deverá crescer 5,8% e a da Zona Euro 6,1%, “o que permite uma perspectiva positiva para a indústria do papel e do cartão”.

Papel reciclado em alta

Por outro lado, e ainda quanto a 2019, “dos 90 milhões de toneladas de papel e cartão produzidos na Europa, 54,6% foram feitos a partir de fibras recicladas”. Aliás, a taxa de utilização de papel reciclado na indústria papeleira “subiu 1,5% face a 2018”, atingindo “o valor mais alto de sempre”.

A Celpa fala de “um marco histórico”, que acompanha o crescimento da taxa da reciclagem de papel, que aumentou para os 72%, face aos 71,7% em 2018.

O secretário-geral da Celpa sublinha que “estes resultados são excepcionais e confirmam o empenho e o compromisso na sustentabilidade, na promoção da economia circular, quer dos consumidores quer da indústria”. Veiga Martins diz ainda que “ambos [consumidores e indústria] estão sintonizados na importância da reciclagem, adoptando comportamentos que permitem resultados históricos”.

Os dados compilados pela Cepi mostram também que “84,2% da madeira consumida pela indústria é de origem europeia”. Para a Celpa, isso mostra que a produção de papel e de cartão é “um produto verdadeiramente made in Europe”.

Por outro lado, “da madeira utilizada, 24% é também ela proveniente de fontes circulares, nomeadamente resíduos de serralharias e outras indústrias que têm na madeira a sua matéria-prima”.

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