Marcelo em ambiente de festa em Ovar quis deixar sinal de esperança

“É uma ocasião de recordar esse passado [recente], de homenagear aqueles que morreram [de covid-19], de homenagear aqueles que aqui lutaram, sobretudo durante a cerca sanitária, e de olhar para o futuro”, disse o Presidente da República.

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LUSA/PAULO NOVAIS

O Presidente da República defendeu neste sábado que a sua presença em Ovar representa um sinal de “esperança no futuro” depois da cerca sanitária, e que o Governo deve, em Outubro, definir prioridades e o calendário para os apoios comunitários.

“É uma ocasião de recordar esse passado [recente], de homenagear aqueles que morreram [de covid-19], de homenagear aqueles que aqui lutaram, sobretudo durante a cerca sanitária, e de olhar para o futuro. Ovar tem grandes potencialidades - tem o mar e uma indústria muito avançada, que está a dar a volta [à crise] - e há aqui um misto de homenagem e de esperança no futuro”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, que marcou presença no Dia do Município, em Ovar, visita criticada pelas estruturas locais do BE e do CDS-PP.

Marcelo Rebelo de Sousa cumprimentou com o cotovelo e com o punho fechado o presidente daquela autarquia do distrito de Aveiro, Salvador Malheiro, que lhe atribuiu a Medalha de Ouro de Mérito Municipal pelo apoio dedicado à comunidade vareira durante os 31 dias do cerco sanitário a que essa esteve sujeita devido ao vírus SARS-CoV-2.

A visita do Presidente da República a Ovar durante o feriado do município também incluiu o descerrar inaugural daquilo que, tendo sido anunciado como um mural, se revelou uma placa de um metro quadrado cujo baixo-relevo dava a ler palavras de homenagem “a todos os que travaram a difícil batalha contra a covid-19 no território vareiro”.

Questionado sobre os apoios comunitários ao país para fazer face à crise económica gerada pela pandemia em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que é “fundamental que em Outubro, no momento em que o Governo apresente o seu programa à União Europeia, diga quais são as prioridades e qual o calendário” de concretização das mesmas.

Por outro lado, quanto à situação específica do concelho onde a generalidade da actividade empresarial esteve suspensa de 18 de Março até 17 de Abril, não mencionou quaisquer necessidades concretas: “Aqui no caso de Ovar, a economia começou a recuperar a bom ritmo e está a recuperar. São centenas de pequenas e médias empresas, também algumas grandes, mesmo internacionais, e essas estão a exportar outra vez e a recuperar o tempo perdido”.

Sobre o apelo a “bom senso” que lhe foi lançado esta semana por estruturas partidárias locais, que defenderam que as cerimónias deste Dia do Município são mero “folclore político” idealizado para promoção de Salvador Malheiro e argumentaram que o Presidente da República deveria dar um exemplo cívico, evitando aglomerados de pessoas, Marcelo começou por revelar que vai “receber o CDS na próxima semana”, dando assim resposta positiva à audiência solicitada pela concelhia vareira.

Depois, abordou as condições de segurança sanitária do evento que teve lugar na Praça da República e que incluiu restrições de acesso à população local, mostrando-se cauteloso: “Mandei preparatórias avançadas e disseram-me que o distanciamento previsto nas regras sanitárias numa cerimónia ao ar livre vai ser escrupulosamente seguido e espero que aconteça isso. Vamos ver. (...) Mas este é o momento para se homenagear aqueles que foram vítimas e que lutaram, e para se olhar para o futuro e ganhar força. O dia de um município que, em termos de indicadores sanitários, está agora num quadro francamente positivo, justifica que se aproveite para um encontro que é para retemperar energias, para evocar o passado recente e para agradecer a tantos, tantos, tantos que estiveram solidários com Ovar”.

O município de Ovar esteve sujeito a cerco sanitário de 18 de Março a 17 de Abril devido à disseminação comunitária da doença, o que implicou o controlo de entradas e saídas nas fronteiras do concelho e a suspensão da maioria da sua actividade empresarial. Várias empresas e negócios encerraram durante o período de confinamento e não voltaram a abrir, registaram-se despedimentos e a taxa de desemprego é das mais altas do distrito.

O último boletim da autarquia indicava neste sábado um total acumulado de 40 óbitos e 755 infectados com o SARS-CoV-2 entre os seus 55.400 habitantes, referindo que os recuperados são já 706 e que com sintomas activos estão 12 pessoas.

O novo coronavírus responsável pela presente pandemia de covid-19 foi detectado na China em Dezembro de 2019 e já infectou mais de 15,8 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 640.000 morreram. Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados se registaram a 2 de Março, o último balanço da Direcção-Geral da Saúde (DGS) indicava 1716 óbitos entre 49.955 infectados.

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