Trump cancela convenção republicana na Florida e espera por nomeação “diferente”

O crescimento de novos casos nos Estados Unidos obrigou Trump a cancelar a convenção em que aceitaria a nomeação para candidato republicano em frente a milhares de apoiantes. Agora, cerimónia terá de ser online, a partir de Charlotte.

Foto
Donald Trump aproveitou a conferência sobre a covid-19 para anunciar a decisão sobre a convenção republicana LUSA/Yuri Gripas / POOL

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cancelou esta quinta-feira a convenção republicana em Jacksonville, no estado da Florida, que se realizaria em Agosto. Trump, que seria nomeado o candidato presidencial republicano na convenção, admitiu numa conferência sobre a situação pandémica que o “timing não é o correcto” e decidiu que o partido “não quer correr riscos”.

Donald Trump garantiu que a nomeação não estava em causa e será feita uma cerimónia “diferente”. “As pessoas poderão acompanhar online. Tínhamos planeada uma convenção fantástica. Mas temos tempo para planear algo diferente, não podemos ter 25 mil pessoas numa convenção mas vamos fazer algo diferente”, disse o Presidente.

É a segunda vez que a convenção muda de circunstâncias: a convenção republicana ia realizar-se na Carolina do Norte, mas o governador do estado não permitiu que se realizasse um evento com 25 mil pessoas no seu estado, algo que poderia ajudar a propagar a covid-19 por milhares de apoiantes. Trump moveu a convenção para a Florida, onde o governador, Ron DeSantis, fiel apoiante de Trump, aceitou acolher o evento em Jacksonville.

Trump vai aceitar a nomeação para candidato republicano à Casa Branca numa cerimónia a partir de Charlotte, na Carolina do Norte.

No entanto, o crescimento de novos casos em todo o país, especialmente no estado da Florida, e a “segurança” motivaram o cancelamento. Trump disse que era da sua responsabilidade “proteger o povo americano”. “Acho que seria errado ter pessoas a aparecer num sítio que é um epicentro”.

Esta quinta-feira, os Estados Unidos chegaram aos cinco milhões de casos e já morreram mais de 143 mil pessoas vítimas da covid-19. A Florida, onde ia decorrer a convenção, é um dos estados mais atingidos pela pandemia e os habitantes da região não estariam contentes com a sua realização: segundo o New York Times, citando uma sondagem da Universidade de Quinnipiac, 62% dos habitantes da região acha que seria inseguro realizar o evento durante a pandemia.

Além disso, o exemplo já tinha sido dado pelos democratas e por Joe Biden: a sua convenção, no Wisconsin, terá apenas 300 pessoas num espaço com capacidade para 50 mil.

Só esta semana é que Trump, depois de meses a instigar confusão e divisão sobre o uso de máscara, decidiu que era “um acto patriótico” usar máscara. Desde então, o Presidente tem aconselhado o uso de máscara e o distanciamento social e continua a criticar a China por não ter conseguido controlar a propagação do vírus.

Trump tenta recuperar terreno nas sondagens

Trump e o partido republicano estariam ansiosos pelo regresso dos comícios e convenções. O Presidente tem ficado atrás de Joe Biden, o candidato democrata a Presidente, em várias sondagens e Trump admitiu mesmo que não garante que vá aceitar a derrota nas eleições de Novembro.

A última convenção organizada pela equipa de Trump também não correu na perfeição. No final de Junho, o Presidente voltou aos palcos num comício em Tulsa, no estado do Oklahoma, e as expectativas de ter uma casa cheia para o receber entusiasticamente foram completamente goradas.

Houve, de facto, uma recepção entusiástica. No entanto, o pavilhão do evento tinha mais lugares vazios do que preenchidos, depois de uma previsão que apontava para que todos os assentos estivessem ocupados. Essa previsão, descobriu-se mais tarde, foi fomentada por milhares de jovens no Tik Tok, que se registaram na plataforma de compra de bilhetes, mas acabaram por não adquirir nenhum ingresso.

O fiasco foi tal que o Presidente, que em situações normais daria outro discurso no exterior do pavilhão para aqueles que não conseguiram bilhete, abortou o conteúdo extra do costume.

O último discurso de Trump com público foi nas celebrações do Dia da Independência americano, a 4 de Julho. Em frente ao Monte Rushmore, Trump aproveitou o feriado para criticar os protestos contra a violência policial e o racismo, motivados pela morte de George Floyd, no início do mês de Junho.

Trump atacou os movimentos que procuram retirar símbolos e estátuas da Confederação e atacou o ensino público. Poucos eram os presentes no comício que estavam a usar máscara (numa altura em que o número de novos casos no país voltava a crescer).

Sugerir correcção