China ordena encerramento do consulado dos Estados Unidos em Chengdu

Trata-se de uma resposta ao encerramento do consulado chinês em Houston, nos EUA, algo que foi encarado como uma situação “sem precedentes” e “escandalosa” pelos Negócios Estrangeiros chineses.

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Reuters/Aly Song

A China ordenou esta sexta-feira o encerramento do consulado dos Estados Unidos em Chengdu, no sudoeste do país, três dias após as autoridades norte-americanas terem encerrado o consulado chinês em Houston, no estado do Texas, uma das cinco representações diplomáticas chinesas nos EUA. Num comunicado no site do ministério Negócios Estrangeiros chinês, lê-se que as autoridades notificaram os EUA da decisão chinesa de revogar o seu consentimento para que o consulado funcionasse. Uma resposta “legítima e necessária às medidas irracionais dos Estados Unidos” e ao encerramento do consulado em Houston. 

O Ministério não especificou a data de encerramento da representação diplomática. No caso de Houston, o Governo de Donald Trump deu aos diplomatas chineses apenas 72 horas para fazerem as malas. Nessa mesma noite, foram filmadas várias pessoas no jardim da embaixada a queimar documentos, relata a BBC. E a China prometeu retaliar ao que considerou ser uma situação “sem precedentes” e “escandalosa”. “A situação actual entre a China e os Estados Unidos é algo que a China não deseja e a responsabilidade é inteiramente dos Estados Unidos”, cita o The Guardian. É a última jogada depois de ambos os lados terem aplicado restrições na emissão de vistos, novas regras para as viagens dos diplomatas e a expulsão de correspondentes estrangeiros.

Além da embaixada em Pequim, os Estados Unidos têm cinco consulados na China continental e um na região semiautonónoma de Hong Kong, que é também responsável por Macau. Ao fechar o consulado de Chengdu (e não outro mais importante em termos estratégicos) dá a entender que a China tentou ser comedida na resposta. A missão de Chengdu, inaugurada em 1985, cobre todo o sudoeste da China, incluindo a Região Autónoma do Tibete. Segundo o seu portal oficial, o consulado tem 200 funcionários.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, disse na quinta-feira que o consulado chinês em Houston servia como um centro para a “espionagem chinesa e usurpação de propriedade intelectual norte-americana” e pediu às “nações livres” que ajudassem a mudar o sistema politico chinês. De acordo com alguns analistas, a China encontra-se cada vez mais isolada no panorama internacional. A Administração Trump tem tido inúmeras desavenças com os líderes chineses, do comércio à gestão da pandemia, passando pela nova (e controversa) lei de segurança aplicada em Hong Kong.

Pouco depois deste anúncio, a emissora estatal chinesa começou um directo online em frente à porta principal da embaixada agora encerrada. Havia pouco movimento, mas cerca de 12 milhões de utilizadores assistiram ao directo — muitos aplaudiram a decisão, mas outros criticaram-na. “O confronto não é bom, afecta a economia. Afecta-nos a todos”, defendeu um utilizador, citado pelo The Guardian

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