Visita de Boris Johnson à Escócia recebida com críticas de Nicola Sturgeon

Apoio à independência da Escócia tem crescido nos últimos meses. Primeiro-ministro britânico diz que escoceses beneficiaram do apoio de Londres para enfrentar a covid-19.

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Boris Johnson encontrou-se com pescadores em Orkney LUSA/ANDREW PARSONS / DOWNING STREET / HANDOUT

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, visitou a Escócia esta quinta-feira pela primeira vez desde o início da covid-19. Ao chegar a Orkney, onde se encontrou com pescadores, Johnson destacou a “força” do Reino Unido no combate à pandemia e o “mérito da união”, congratulando-se com o apoio dado à Escócia e descartando a possibilidade de um novo referendo à independência do país.

As palavras do primeiro-ministro britânico, contudo, não caíram bem à chefe do Governo escocês, Nicola Sturgeon, que acusou Johnson de utilizar a covid-19 como “arma política”.

“Esta é uma pandemia que tirou mais de 50 mil vidas no Reino Unido. Todos tentámos dar o nosso melhor, mas acho nenhum de nós tem motivos para celebrar ou sentir-se satisfeito com isso. Os líderes têm o dever de se focar em fazer tudo o que estiver ao seu alcance para lidar [com a pandemia], e não a devem usar como arma política”, afirmou Sturgeon, citada pelo Independent.

Antes destas declarações, Boris Johnson afirmou que a Escócia “beneficiou” do Reino Unido para enfrentar a pandemia e sublinhou que foi a ajuda financeira proveniente do Governo britânico que permitiu salvar milhares de empregos e ajudar o executivo escocês a lidar com os danos causadas pela pandemia.

Sturgeon ripostou e garantiu que o dinheiro proveniente do Tesouro de Londres – cerca de cinco mil milhões de euros, segundo o El País – foi um “empréstimo”, que será devolvido.

A visita de Johnson à Escócia, um ano depois de tomar posse como primeiro-ministro do Reino Unido, não incluiu um encontro com Sturgeon e surge numa altura em que o apoio à independência da Escócia está a subir.

Segundo as últimas sondagens da Panelbase, citados pelos media britânicos, se os escoceses fossem chamados para votar a sua saída do Reino Unido, 54% votaria pela independência da Escócia. Entre as explicações, avançam os analistas, está a saída do Reino Unido da União Europeia e a avaliação negativa que os escoceses fazem da gestão da pandemia de covid-19 por parte do Governo de Boris Johnson.

O primeiro-ministro britânico, no entanto, desvalorizou as pretensões independentistas de parte da sociedade escocesa e, na sua visita ao país, destacou a “força” do Reino Unido e considerou que ainda não passou tempo suficiente para um novo referendo – o último foi em 2014.

“O que as pessoas querem, realmente, ver é todo o nosso país a voltar forte em conjunto, e é isso que vamos fazer”, afirmou Johnson.

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