BP vai compensar mais de dois milhões de toneladas de carbono por ano

Investimento é “assustadoramente elevado”, mas BP não divulga números. Pandemia deixou mercados frágeis, mas recuperação tem sido superior ao esperado. Presidente da BP Portugal acredita em resultados positivos este ano.

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bruno lisita

A BP Portugal lança esta quarta-feira um projecto pioneiro a nível mundial onde se compromete a compensar mais de dois milhões de emissões de toneladas de carbono por ano, o equivalente, segundo a empresa, a retirar 400 mil automóveis das estradas.

A BP irá compensar as emissões (de gasóleo, gasolina e GPL - gás de petróleo liquefeito) de todos os condutores em Portugal por um dia, o equivalente a 27 mil toneladas, de acordo com os cálculos feitos com base no relatório da Direcção-Geral de Energia sobre vendas diárias médias de Julho de 2019.

Em conferência de imprensa, o presidente da BP Portugal, Pedro Oliveira, explicou que a empresa irá compensar as emissões de carbono de todos os combustíveis (clientes frota excluídos para já), utilizando créditos de carbono gerados a partir de projectos globais que financiam a utilização de energias renováveis, baixo carbono e a protecção de florestas. “Enquanto conduzem com combustíveis da BP os nossos clientes sabem que por todo o mundo estaremos a apoiar projectos que compensam as emissões de carbono dos seus abastecimentos”, explicou.

“Vamos tirar dois milhões de toneladas de carbono do sistema”, sublinhou.

O programa “Drive Carbon Neutral” tem como slogan “Vá de Bicicleta. Se não puder vá com a BP” e é, de acordo com o responsável, o resultado de um ano de trabalho, que visa contribuir para a nova ambição da BP de atingir a neutralidade carbónica até 2050 e ajudar o mundo a atingir o mesmo objectivo.

Segundo Pedro Oliveira, o valor do investimento neste projecto “é assustadoramente elevado” uma vez que exige à empresa um “compromisso enorme com o futuro”, mas não irá ser revelado pela BP.

Nos últimos 14 anos, a BP compensou seis milhões de toneladas de carbono, angariando mais de 24 milhões de euros para projectos de redução de carbono em todo o mundo.

O responsável lamenta que em Portugal, ainda não existam programas de compensação de emissões de carbono certificados, mas sublinhou que estão a trabalhar para que tal seja possível. Espera, ainda, que a BP abra caminho nesta área, tal como abriu no passado noutras. 

Entre as condições para ser um “projecto elegível”, segundo Pedro Oliveira, estão a necessidade de ser um projecto incremental (não “pipeline") que compense na justa medida as emissões de carbono, sem fins lucrativos, e que promova a melhoria da qualidade de vida das populações.

Pedro Oliveira disse aos jornalistas que os créditos de carbono provêm de projectos verificados e seleccionados de forma independente por um painel de Organizações Não Governamentais (ONGs), estando actualmente em apoio um projecto de fogões eficientes no México e um projecto de protecção e plantação florestal na Zâmbia.

O programa “Drive Carbon Neutral” está disponível para todos os condutores que abasteçam nos 500 postos de abastecimento da BP em Portugal a partir desta terça-feira e não inclui os clientes de frota.

BP acredita em resultados positivos em 2020

Na mesma conferência, Pedro Oliveira relembrou que as quebras no mercado em Março e Abril derivadas da pandemia de covid-19 foram grandes. Porém, explicou que está a haver “recuperações” superiores ao esperado, acreditando, assim, que acabará 2020 com resultados positivos. 

“Estamos a assumir perdas até ao final do ano, convergentes, mas não estamos a assumir que em nenhum mês consigamos igualar as vendas do ano passado, até ao final do ano. Vamos ter resultados menos positivos”, acrescentou.

“Estamos a fazer tudo para isso [para conseguir resultados positivos]. Não há super homens nem super mulheres na gestão. O que nos tocou no primeiro semestre é algo que nos impactou muito. Ainda não saímos da queda de vendas, mas não abalamos os projectos da empresa, exemplo disso o que apresentámos hoje [Drive Carbon Neutral]. Acreditamos no futuro”, disse.

“Ganhámos quota de mercado e isso é muito animador. Os cenários mais prováveis levam-nos a acreditar que continuará a acontecer uma determinada recuperação e dentro desse perfil de recuperação teremos resultados positivos”, disse ainda Pedro Oliveira.

Segundo dados divulgados na segunda-feira pela Apetro – Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas, o consumo de gasolina caiu 21,6% e o de gasóleo 15,5% no primeiro semestre do ano comparativamente ao mesmo período de 2019, tendo o combustível para aviação caído 55,5%.

Relativamente a Maio, a Apetro afirma que, em Junho, os consumos de gasolina e de gasóleo “continuam em recuperação – o consumo de gasolina passou de uma queda de 34,5% para 9,3% e o de gasóleo de uma queda de 21,7% para 6,9%”.

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