Achegas para planear 2020/21

Com o ensino presencial, o indicado como preferencial pela tutela, o risco de contágio aumenta, mas, ainda assim, pesados os prós e os contras esta é a medida menos nefasta socialmente.

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"Perspetivam-se tempos difíceis no decorrer do próximo ano letivo" Paulo Pimenta

Depois de apresentadas as orientações para o próximo ano letivo e o correspondente calendário escolar, cabe-nos agora a tarefa de, autonomamente, organizar cada um dos mais de 800 agrupamentos.

Em primeiro lugar quero dizer que a autonomia dada aos agrupamentos e respetiva comunidade escolar é, por princípio, um bom indício. É preciso saber aproveitar criando os necessários planos de ação, seja em modo presencial, misto, ou à distância.

Com o ensino presencial, o indicado como preferencial pela tutela, o risco de contágio aumenta, mas, ainda assim, pesados os prós e os contras esta é a medida menos nefasta socialmente.

Durante algum tempo, a exemplo do que se fez em outros países europeus, pensou-se que haveria um desdobramento de turmas, ideia essa que, após anunciadas as orientações, ficou completamente colocada de parte.

Apesar de o ministro ter desvalorizado o distanciamento físico, que passou dos recomendados dois metros para o mínimo de um metro, “se possível” e de considerar que não será necessário desdobrar turmas pois as salas “que conhecem” comportam 24 ou 26 alunos com o distanciamento de um metro, sabemos nós que não será possível em todos os estabelecimentos escolares.

Posto isto, chegou a hora de os professores proporem, ao abrigo da autonomia referida nos documentos, as medidas que sabemos serem as necessárias para podermos desenvolver a nossa atividade sem comprometer a saúde de toda a comunidade escolar, mitigando assim as probabilidades de contágio.

Temos de apresentar soluções e é isso que tenho tentado fazer, criticando sempre que necessário, mas apresentando medidas que podem bem ser a solução.

É quase unânime que devemos dar prioridade aos alunos mais novos, pré-escolar, 1.º e 2.º ciclos, no ensino presencial, mas também é verdade que a prioridade deve ser dada em condições sanitárias quase perfeitas, isto é, assumir o risco, mas reduzi-lo ao máximo. Proponha que pudéssemos começar de forma faseada, ouvindo quinzenalmente as entidades de saúde.

Entre 14 e 17 regressariam todos os alunos até ao 2.º ciclo, inclusive. Seria feita a monitorização quinzenalmente e decididas as medidas complementares e ajustados os procedimentos, sempre em cooperação com entidades reguladoras de saúde.

Com este regresso faseado, os espaços antes ocupados pelos alunos mais velhos seriam espaços otimizados para os ciclos em modo presencial. Enquanto isso o 3.º ciclo e secundário poderiam iniciar em ensino misto, mas usando os espaços da comunidade, cedidos pelas juntas e instituições comunitárias, ou do próprio agrupamento no caso de haver essa possibilidade, mas salvaguardando assim a permanência dos mais novos e não condenando totalmente o ensino dos mais velhos.

Perspetivam-se tempos difíceis no decorrer do próximo ano letivo e só com uma cooperação comunitária em volta de cada agrupamento, unindo esforços em prol dos estabelecimentos escolares é que poderemos mitigar os efeitos da pandemia na Educação.

Todos sabemos que fazer planos sobre um futuro demasiado incerto não é fácil, mas por isso é que se torna imprescindível que desenvolvamos os planos juntamente com a comunidade envolvente, para estarmos todos preparados para vários cenários.

Faremos a nossa parte, planificaremos em concordância com as orientações, mas esperamos que o apoio da tutela seja real, que se reúnam esforços para que no próximo ano não falte nada às escolas, nomeadamente relacionado com o combate pandémico.

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