Covid-19: mais três mortes e 312 infectados em Portugal. Surtos sobem para 206

Há 13.605 casos activos e menos 29 pessoas internadas. A região de Lisboa é, há dois meses, aquela com mais infecções diárias – a tendência mantém-se esta sexta-feira. Chegada do Inverno é uma das preocupações das autoridades de saúde, mas está a ser traçado um “plano bastante complexo” para dar resposta a esta “incógnita”. Existem 206 surtos activos no país, 134 deles em Lisboa.

Portugal regista nesta sexta-feira mais três mortes por covid-19 (num total de 1682 óbitos) e mais 312 casos de infecção – o que corresponde a um aumento de 0,7% em relação aos números do dia anterior. A maior parte dos novos casos foram registados na região de Lisboa e Vale do Tejo: são 236 casos, 75,6% dos casos registados nas últimas 24 horas. Duas das três mortes ocorreram na zona da capital; a terceira foi registada na zona Centro. 

O boletim epidemiológico desta sexta-feira dá ainda conta de um total de 447 pessoas internadas por todo o país (menos 29 do que na quinta-feira) e de 67 pessoas em unidades de cuidados intensivos (menos cinco do que no dia anterior).

“É um bom indicador”, afirmou a ministra da Saúde, Marta Temido, na conferência de imprensa desta sexta-feira. Dos 447 utentes internados, 385 estão em Lisboa e Vale do Tejo e 68% em hospitais que servem os cinco concelhos nos quais se continua “a focar a acção”. O risco de transmissão para os dias 10 a 14 de Julho aponta para 0,96 – o que indica que se mantém “aproximadamente constante”.

Há ainda 314 pessoas que recuperaram da infecção no último dia. Ao todo, são 32.790 as pessoas que foram consideradas “curadas” da infecção pelo vírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19. Subtraindo ao total de casos (48.077) o número de mortes (1682) e o número de recuperados (32.790), há 13.605 infecções activas em Portugal. Os dados foram divulgados no boletim epidemiológico desta sexta-feira da Direcção-Geral da Saúde (DGS).

O que mais preocupa Marta Temido são os surtos identificados em “residências de idosos”. Olhando para os resultados da pandemia, “verifica-se algo que nos encoraja, que é o número de óbitos” porque, “olhando para o resultado de outros países, a situação é favorável na letalidade”. A directora-geral da Saúde, Graça Freitas, admitiu “preocupação com o Inverno” e que é uma “incógnita” o peso que a covid-19 vai ter nos meses mais frios. Mas deixou uma garantia: está a ser desenhado “um plano que é bastante complexo” para responder aos casos de covid-19, mas também ao da gripe sazonal.

Há 206 surtos activos no país, 134 em Lisboa e Vale do Tejo

Existem 206 surtos de covid-19 activos em território nacional: 41 no Norte, 13 no Centro, 134 em Lisboa e Vale do Tejo, cinco no Alentejo e 13 no Algarve. São mais 45 do que há sete dias.

Sobre a operação que está e curso na região da Área Metropolitana de Lisboa, mais concretamente nas 19 freguesias que “têm suscitado maior intervenção das equipas de saúde pública”, Marta Temido afirmou esta sexta-feira que a incidência da doença tem vindo a diminuir nos últimos sete dias em termos de novos casos, sendo ainda Sintra a situação que se mantém “como uma excepção”. “Este padrão tenha ainda alguma inconstância o que os leva à manutenção das medidas e ao seu reforço (...) e à realização de mais de 4100 contactos com indivíduos dentro da estratégia de intervenção das equipas multidisciplinares”, disse a ministra, referindo que esta estratégia, combinada com a restantes medidas, se manterá ao longo dos próximos 15 dias e enquanto for necessário.

Marta Temido começa por afirmar que “em todas as outras regiões que não são freguesias da Área Metropolitana de Lisboa as transmissões estão bastante bem identificadas. Sabe-se quem passa a infecção a quem.” Já na região de Lisboa e Vale do Tejo há “dificuldade em fazer identificação” devido à existência de “surtos activos bastante distintos”. “Só consideramos surto extinto quando passaram dois períodos de incubação [ou seja 28 dias] desde o ultimo caso”, explicou a ministra da Saúde.

Testar, testar, testar

A governante afirmou que a estratégia do país continua a ser a aposta na testagem: “Ao longo dos últimos dias, temos mantido a nossa atenção concentrada nas grande estratégicas de continuar com uma política de detecção precoce de novos casos através da utilização intensiva de teste de diagnósticos de casos sintomáticos e de alguns rastreios referentes a potenciais populações mais expostas”.

No dia 15 de Julho, foram realizados 15.866 testes, 658 desses foram positivos (4,1%). “Mantemos a nossa tendência de um número significativo de testes realizados diariamente com uma percentagem de positivos que posso caracterizar ainda de alguma inconstância”, referiu a ministra.

Questionada sobre a proposta da bancada do PSD da Assembleia Municipal de Lisboa para que seja decretado o uso obrigatório de máscara na rua, a ministra da Saúde considerou essa hipótese desnecessária e falou mesmo em autoritarismo. “Algo que caracterizou, ao longo deste período, o comportamento dos portugueses foi uma grande capacidade de adaptação, de resiliência e de cumprimento daquilo que são as regras da DGS, das organizações internacionais”, começou por dizer, acrescentando depois que tal aconteceu “sem necessidade”, tirando casos que “têm mecanismos próprios de intervenção”, de “autoritarismos, de imposições mais forçadas”.

“Eu tenho uma máscara, todos têm, devemos estar maioritariamente confiantes nas regras estabelecidas que estão neste caso bastante mais adiantadas do que noutros países onde ainda não é sequer recomendado e, portanto, vamos manter o acompanhamento que se impõe”, afirmou.

Algarve tem o índice de transmissão mais alto do país. Alentejo tem o mais baixo

O índice de transmissão da doença (Rt) calculado pelo Instituto Nacional De Saúde Dr Ricardo Jorge (INSA) para os dias 10 a 14 de Julho aponta para um Rt nacional de 0,96 — o que indica que o número de novos casos se mantém “aproximadamente constante”, mas com uma tendência decrescente descreveu Marta Temido. Na região Norte este indicador é 1,04, no Centro é de 0,99, em Lisboa e Vale do Tejo é de 0,94, no Alentejo é de 0,89 e no Algarve de 1,17 — o valor mais alto de todo o país.

Questionada sobre os valores de Rt verificados em todo o país, a ministra da Saúde explicou que o indicador mede “o risco com que a infecção se propaga ao longo do tempo” não estando directamente relacionado apenas com o número de novos casos identificados, mas com o risco de contágio. 

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