ACP diz que falta vontade politíca de Lisboa para pensar na segurança rodoviária

A segurança rodoviária, referiu, conheceu algumas melhorias nos últimos anos mas “a discussão ressurge nos extremos, a preto e branco, sem ponderação nem bom senso”.

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Nuno Ferreira Santos

O Automóvel Club de Portugal (ACP) considera que nunca houve vontade política da Câmara de Lisboa em reflectir de forma integrada sobre mobilidade e segurança rodoviária na cidade, avisando que os radares de controlo de velocidade não são eficazes.

“Apesar dos desabafos dos sucessivos responsáveis municipais, a verdade é que nunca houve vontade política para pensar de forma integrada a mobilidade e a segurança rodoviária em Lisboa”, pode ler-se em comunicado.

A posição do ACP surge depois de uma jovem de 16 anos ter morrido atropelada na passadeira, na zona do Campo Grande, em Lisboa, a 10 de Julho.

“Nos últimos dias instalou-se uma discussão sobre a mobilidade e a segurança rodoviária em Lisboa que está ferida de lógica, propósito e respeito por quem vive ou trabalha na cidade”, referiu a entidade, adiantando que “é altamente questionável a forma como está a ser desenhada e desenvolvida a estratégia seguida”.

De acordo com o ACP, não se questiona a pertinência dos meios de mobilidade suave enquanto actores do ambiente rodoviário, até porque “todos os actores do ambiente rodoviário [...] merecem respeito e têm de conviver de forma harmoniosa”.

A segurança rodoviária, referiu, conheceu algumas melhorias nos últimos anos, mas “a discussão ressurge nos extremos, a preto e branco, sem ponderação nem bom senso”, porque há ciclovias pop-up que colocam “em risco a segurança e, pese embora o experimentalismo, só atrofiam ainda mais a economia local”.

O Automóvel Club de Portugal considerou também que “o sistema de radares de controlo de excesso de velocidade nunca foi eficaz”.

Na quinta-feira, centenas de ciclistas participaram numa vigília no Campo Grande, onde fizeram 16 minutos de silêncio em memória da jovem que morreu atropelada naquele local enquanto circulava na passadeira, com a bicicleta na mão, na semana passada, e alertaram para o excesso de velocidade dos carros.

Pelas 19h30, os participantes na acção de sensibilização foram para o meio da estrada -- que havia sido cortada pela Polícia de Segurança Pública -- para homenagear a adolescente.

“Isto é um acto cívico e reivindicativo. Não é o primeiro acidente. Ainda hoje, no decorrer desta manifestação, se deram conta, passou, sem respeitar o vermelho, um carro com alguma aceleração”, realçou na ocasião à agência Lusa José Manuel Caetano, presidente da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta.

À mesma hora da concentração no Campo Grande, decorreram também vigílias em Aveiro, Braga, Évora, Faro, Guarda, Porto e Santarém.

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