Esta Tasca é Virtual e abre uma vez por semana só para o fado

Às quartas, abre em directo no Facebook. Um copo de vinho na mão, guitarras e vozes afinadas. Na página, ficam as memórias.

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Virtual Tasca Nuno Ferreira Santos
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Nuno Ferreira Santos
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Chamaram-lhe Virtual Tasca porque é isso mesmo: é uma tertúlia que, em tempo de pandemia, acontece no Facebook. Um grupo de amigos fadistas reúne-se todas as quartas-feiras à noite num espaço de tertúlia em Fernão Ferro – onde, antes da covid-19, já se fazia um encontro informal de fadistas –, com a diferença de que agora querem chegar a milhares de pessoas.

Começaram com alguns (ainda poucos) apoios, mas esperam vir a conseguir mais. Se “isto está para durar”, como dizem, e as casas de fado estão a menos do que meio gás, usar a Internet para conquistar um público virtual pode ser um caminho.

Às 21h a transmissão começa, por isso os amigos tomam os seus lugares habituais. Atrás deles, as paredes estão cheias de guitarras, violas, cartazes de outras tertúlias, muitas fotografias de gente do fado. À frente, uma mesa baixa onde uma família de cães de louça tem vindo a crescer. João Loy, Tiago Simões, Pedro Galveias, Sandro Costa e Ivan Cardoso preparam-se para uma noite de conversas animadas, num ambiente descontraído, com uma cerveja ou um copo de vinho na mão – e muito fado, claro.

Têm sempre um convidado e, nesta noite que acompanhámos, é Diogo Clemente quem se junta a eles. Como é que vieste para o fado?, perguntam-lhe à laia de entrevista. “Eu não vim para o fado, nasci cá”, responde o músico, comovido. “Não me lembro de não andar nos fados. As pessoas que me conhecem de outros âmbitos não sabem que eu vim daqui, de nós, por isso é que faz sentido estar aqui. Todas as pessoas que estão aqui são família minha. O que está aqui a acontecer é de onde eu vim, é a minha casa, e tudo o que eu faço é influenciado por aqui. O fado é que me deu tudo, é a matriz com que faço tudo.”

A ideia da Virtual Tasca nasceu da forma mais óbvia, conta Pedro Galveias. “Um dia estava em casa sem trabalho, ninguém tinha trabalho – ninguém tem trabalho  –  e disse à Cátia [Garcia, a mulher e também fadista] ‘e se a gente fizesse uns vídeos e puséssemos um pagamento por MBWay?’”. A possibilidade de pôr trabalhos de graça na Internet estava fora de questão. “Nós não temos que dar a nossa arte, é disto que vivo, como qualquer profissão”, sublinha Pedro.

Um dos músicos tinha o espaço da tasca-adega das tertúlias e esse pareceu-lhes o local certo. Depois foi só arranjar os patrocínios iniciais – “não chegam para muito mas estamos-lhes eternamente gratos”, diz Cátia – e lançar a Virtual Tasca, esperando que o número de visualizações cresça e que as pessoas compreendam a necessidade de pagar pelo espectáculo. “Hoje já temos alguns restaurantes que nos contratam para fazermos a tertúlia num espaço fechado, e vamos fazendo, mas não queremos afastar-nos muito da casa-mãe para não desvirtuar a Tasca.”

“É muito importante estarem a fazer isto e terem apoios”, elogiou Diogo Clemente. Há muita gente desesperada porque a música não acontece. Quer-se fazer as coisas acontecer e não se sabe como. Todos estamos a tentar arranjar soluções, mas este é o formato em que neste momento as coisas devem acontecer.” 

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