Morreu o autor de banda desenhada José Garcês

O autor faleceu aos 91 anos e a sua carreira estendeu-se por mais de 70 anos. O nome de Garcês está associado sobretudo à criação de BD documental, com figuras e acontecimentos da História de Portugal.

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O artista completaria em breve 92 anos Lusa

O autor português de banda desenhada José Garcês, com mais de 70 anos de carreira, morreu esta quarta-feira, aos 91 anos, disse à Lusa fonte próxima da família.

O nome de José Garcês está associado sobretudo à criação de BD documental, com figuras e acontecimentos da História de Portugal e um traço realista e detalhado, feito integralmente à mão, com tinta-da-china e aguarela.

A estreia na banda desenhada deu-se a 12 de Outubro de 1946, quando a revista de BD O Mosquito publicou a história Inferno Verde. José Garcês, um jovem lisboeta então com 18 anos, tinha saído da escola António Arroio, com jeito para o desenho e vontade de fazer histórias em quadradinhos. Depois d’O Mosquito, para a qual fez quatro histórias, desenhou, entre outros, para as publicações Cavaleiro Andante, Modas e Bordados, Mundo de AventurasCamarada e Fagulha, estas duas últimas da Mocidade Portuguesa.

Para além da extensa lista de revistas de BD com as quais colaborou, há também uma ligação de duas décadas com a editora ASA, pela qual fez manuais escolares e percorreu o país em visitas a escolas. Foi pela ASA que saíram vários volumes da obra A História de Portugal em BD, co-assinada com António do Carmo Reis e possivelmente uma das mais conhecidas de José Garcês.

Desenhou ainda outras obras biográficas sobre figuras históricas, como Bartolomeu Dias, Cristóvão Colombo e o rei D. João V, e publicou em BD a história de várias localidades, como Porto, Guarda, Faro e Pinhel.

Nascido em Lisboa, a 23 de Julho de 1928 – Garcês completaria em breve 92 anos –​, o artista viveu e tinha atelier na Amadora, tendo doado parte do acervo ao município. Em 1991, a autarquia atribuiu-lhe a medalha municipal de mérito e o festival AmadoraBD distinguiu-o com o troféu de honra.

Em 2016, quando assinalava 70 anos de carreira, José Garcês contou, em entrevista à agência Lusa, que tinha prestado “um serviço público ao país”, mas que queria continuar a desenhar. Na altura, admitiu que 70 anos era uma carreira muito longa. Nela couberam um interesse profundo por desenho de temas militares e a criação de construções de montar em papel, em particular sobre castelos portugueses.

A par da banda desenhada, José Garcês trabalhou durante 40 anos no antigo Serviço Nacional de Meteorologia, onde desenhou as cartas de previsão meteorológica e chefiou o departamento de desenho.