Profissionais fazem mais 1,2 milhões de horas extraordinárias no SNS

Aumento diz sobretudo respeito a trabalho extraordinário diurno e nocturno e representa uma subida de 17%. Maio foi o mês com maior acréscimo.

Foto
rui gaudencio

Nos primeiros seis meses do ano os profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) trabalharam um total de 8,112 milhões de horas suplementares. Ou seja, mais cerca de 1,163 milhões de horas extraordinárias do que no mesmo período do ano passado. 

Os dados do Portal do SNS são avançados esta terça-feira pelo Jornal de Notícias, que refere que este aumento, em trabalho extraordinário diurno e nocturno, representa um acréscimo de 17%. Em Maio, a subida foi superior a 470 mil horas. Este foi o mês em que se verificou uma maior variação mensal e foi também o mês do início da retoma da actividade programada suspensa a 16 de Março, como forma de resposta à pandemia de covid-19.

Ao JN, o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), Alexandre Lourenço, e os bastonários dos Médicos e Enfermeiros, Miguel Guimarães e Ana Rita Cavaco, respectivamente, afirmaram ser urgente um plano para o SNS e consideraram que o valor de 500 milhões de euros, previsto no Programa de Estabilização apresentado pelo Governo, é insuficiente.

“Tivemos sempre uma falta crónica de enfermeiros e a pandemia veio obrigar a um esforço complementar”, disse a bastonária dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco. Já o bastonário dos Médicos, Miguel Guimarães, recordou que o que se gastou em prestações de serviço em 2018 — mais de 100 milhões — dava para contratar cerca de 5500 médicos como assistentes hospitalares em regime de 40 horas semanais.

Esta segunda-feira, em declarações ao PÚBLICO sobre a preparação do plano para o próximo Inverno, tanto Ana Rita Cavaco como Miguel Guimarães e Alexandre Lourenço enumeraram várias medidas que consideram essenciais de forma a assegurar a resposta do SNS, numa altura em que o país pode ser confrontado com uma epidemia de gripe em simultâneo com uma nova onda de SARS-CoV-2, e alertaram que as consultas, cirurgias e tratamentos de doentes não covid não pode ser novamente adiadas.

Alexandre Lourenço lembrou que “o plano de estabilidade [do Governo] prevê a contratação de profissionais, mas os hospitais não têm autorização”. “Estão a fazer contratação no regime de quatro meses”, apontou, ao abrigo do regime excepcional criado para dar resposta à pandemia. Também esta segunda-feira, em conferência de imprensa, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, contabilizou a contratação de perto de 3900 profissionais, de várias áreas, através deste mecanismo.

Sugerir correcção