Festa antecipada do FC Porto volta a depender do Benfica

Tal como em 2017-18, Sérgio Conceição pode festejar o título no hotel se os “encarnados” não vencerem esta noite o V. Guimarães, equipa que precisa de pontos para se manter na luta europeia.

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LUSA/MANUEL DE ALMEIDA / POOL

A 5 de Maio de 2018, a pressão era maior para o Benfica. Na penúltima jornada, depois de duas derrotas consecutivas no Estádio da Luz que hipotecaram o objectivo da conquista do pentacampeonato, os benfiquistas precisavam de ganhar no Estádio de Alvalade para ficarem a depender apenas de si na luta com o Sporting pela vice-liderança e pelos milhões da Liga dos Campeões. O clássico teve qualidade e o Benfica oportunidades q.b. para vencer, mas uma noite inspirada de Rui Patrício manteve o nulo e serviu de gatilho para o início da festa em Vila Nova de Gaia: na véspera de defrontar o Feirense, o FC Porto celebrou o título na unidade hoteleira onde estagiava. Oitocentos dias depois, o início dos festejos “azuis e brancos” estará mais uma vez à distância de um deslize dos “encarnados”, que esta noite (21h30, BTV) recebem o V. Guimarães.

Em teoria, quando Benfica e V. Guimarães entrarem no Estádio da Luz para cumprirem a 32.ª jornada da I Liga, a maior dose de responsabilidade estará do lado dos vitorianos. Ao contrário dos benfiquistas, que têm o segundo lugar destinado no final da época, para os minhotos o falhanço em 2019-20 ainda não é um dado adquirido. Com o objectivo europeu claramente assumido, a equipa de Ivo Vieira tem vindo a perder terreno para Rio Ave e Famalicão desde que o campeonato foi retomado e, nestas últimas três jornadas, a margem de erro dos vimaranenses é praticamente nula.

Se para o V. Guimarães um triunfo hoje, em Lisboa, manterá a luz ao fundo do túnel — Ivo Vieira garantiu ontem que “enquanto a Europa for possível”, os minhotos vão lutar por pontos, para o Benfica pouco mais do que o orgulho estará em jogo. Porém, para além de fazer a transição para o técnico que se seguirá no banco benfiquista, Nelson Veríssimo tem para os últimos três encontros a responsabilidade de evitar ficar associado a um registo ao nível das piores temporadas da história do Benfica.

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Depois de um arranque de época quase perfeito (54 pontos em 57 possíveis), o Benfica de Bruno Lage entrou em queda livre e, mesmo tendo vencido as duas primeiras jornadas da segunda volta, as “águias” somaram 14 pontos nas 12 partidas que se seguiram à derrota com o FC Porto no Estádio do Dragão. Este registo, ao nível de uma equipa que luta pela fuga à despromoção, coloca a segunda volta da época 2019-20 a par das duas piores segundas metades de temporada da história benfiquista. Em 2000-01 e 2007-08, épocas em que o Benfica terminou em 6.º e 4.º lugar na Liga, as piores classificações de sempre do clube, os “encarnados” conseguiram 20 pontos na 2.ª volta — Veríssimo precisa de quatro pontos para superar esses paupérrimos registos históricos.    

E, para o conseguir, o ex-adjunto de Bruno Lage garante que não terá que elevar o moral dos seus jogadores. Depois de conseguir uma vitória e um empate nos dois jogos em que assumiu o papel principal no banco, Veríssimo negou qualquer problema entre o plantel e o antigo treinador, sublinhando que vê uma equipa com “vontade de trabalhar mais e melhor”: “O Benfica tem um plantel com 25 jogadores e são todos muito profissionais. Estou há ano e meio aqui na equipa principal e neste período, tudo o que lhes tem sido proposto, todos eles tentaram cumprir ao mais alto nível. Vejo-os com vontade de trabalhar mais e melhor, de lutar para vencer o próximo jogo. Foi assim desde o início da época, nos meses da paragem e nos últimos jogos tem funcionado da mesma forma.”

Sem Taarabt, que continua a recuperar de uma entorse no tornozelo direito, Veríssimo procurou na antevisão da partida frente ao V. Guimarães fugir a questões sobre um possível festejo antecipado do FC Porto — “São tudo coisas que ficam à margem, porque o que conseguimos controlar é o nosso jogo” —, mas deixou elogios ao rival desta noite: “Esperamos uma equipa à imagem do treinador. O Ivo [Vieira], por onde tem passado, tem feito bons trabalhos”.

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