Presidente do CEN critica plano de Costa Silva por ser “pouco concreto”

Joaquim Miranda Sarmento prevê que PSD tenha plano estratégico quando ficar claro pacote europeu de resposta à crise.

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Joaquim Miranda Sarmento defende que planos estratégicos não devem ser entegues a uma única pessoa como foi o caso do consultor contratado pelo Governo Miguel Manso

O presidente do conselho estratégico nacional (CEN) do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, faz uma apreciação crítica do plano de recuperação económica elaborado pelo consultor António Costa e Silva, considerando que é uma visão “pouco adequada à realidade nacional e sem medidas concretas”.

 “É mais um naco de prosa socialista. Muito floreado, muito bem escrito, com umas tiradas muito giras sobre geopolítica e estratégia, mas com pouco de substantivo e concreto”, escreveu esta segunda-feira o dirigente nacional do PSD num artigo publicado no jornal Eco

O presidente do CEN assume concordar com alguns pontos do documento como a necessidade de aposta na ferrovia mas aponta a falta de metas e de medidas concretas. “É mais um naco de prosa socialista. Muito floreado, muito bem escrito, com umas tiradas muito giras sobre geopolítica e estratégia, mas com pouco de substantivo e concreto”, escreveu, considerando que o documento é “contraditório com a afirmação de que a recuperação da economia se faz pelas empresas porque quase tudo é Estado e investimento público.

Sob o título “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica e Social de Portugal 2020-2030”, o documento contém 10 eixos para recuperar a economia nacional e foi apresentado ao Governo na passada quinta-feira.

Joaquim Miranda Sarmento considera que se trata de um documento, ainda que em versão preliminar, “com poucos números, pouca sustentação empírica e sem metas e objectivos claros”. Apontando falhas de conteúdo sobre a administração pública e justiça, o presidente do CEN critica o facto de “pouco” dizer sobre aproveitamento de recursos financeiros, território, competitividade das empresas, atracção de investimento estrangeiro, sistema fiscal ou capitalização de empresas.

Para Joaquim Miranda Sarmento, “a prova que este plano é mais Estado, Estado, Estado e investimento público, com o Governo a tudo dirigir e a tudo controlar (indicando até os sectores onde os empresários devem investir) é que o investimento privado tem direito a três linhas, muito vagas e irrelevantes”, aludindo a “investimentos associados aos leilões para parques solares e projectos da responsabilidade de entidades que desempenham funções de serviço público”.

Lembrando que ainda o plano é omisso sobre o seu financiamento, Miranda Sarmento reitera que o PSD também irá apresentar o seu programa estratégico “depois de ficar claro qual o enquadramento europeu de resposta a esta crise económica”. Por último, e embora assuma não conhecer pessoalmente António Costa Silva, o presidente do CEN discorda da ideia de encomendar um plano estratégico a 10 anos a uma única pessoa. E aponta como exemplo o Presidente francês Emmanuel Macron, que entregou um plano do género a “um grupo alargado de especialistas” e de conceituados economistas: “Não há homens providenciais”.

O PCP foi o primeiro partido a comentar, ainda que indirectamente, o plano de Costa Silva. Em comício na Foz do Arelho, Jerónimo de Sousa disse que Portugal precisa de “pôr em marcha um verdadeiro programa de desenvolvimento do país”, elaborado “sem esquecer as grandes lições que se retiram da actual situação” e com enfoque na importância “do papel dos trabalhadores”, dos “serviços públicos”, da “produção nacional” e de ter “os sectores estratégicos nas mãos do país”.

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