Os Washington Redskins vão mudar de pele

Quase 90 anos depois, a equipa da capital dos EUA vai abandonar nome e emblema que eram considerados ofensivos para os ameríndios.

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Os Redskins já foram cinco vezes campeões da NFL Reuters/Kevin Lamarque

Os Washington Redskins, uma das equipas mais antigas da National Football League (NFL), vão mudar de pele. A equipa da capital dos EUA vai abandonar o nome que vinha praticamente desde a sua fundação (em português, “peles vermelhas”) e a imagem da cabeça de um índio como emblema. Em comunicado, os futuros ex-Redskins disseram que a decisão foi tomada após uma reavaliação da imagem de uma equipa que já foi cinco vezes campeã da NFL, e que estão a trabalhar no sentido de lhe dar um novo rosto.

“Dan Snyder [o dono] e o treinador [Ron] Rivera estão a trabalhar num novo nome e num novo design que vão fazer justiça à rica e orgulhosa tradição da nossa equipa e que inspirem os nossos patrocinadores, adeptos e comunidade para os próximos 100 anos”, lê-se numa nota divulgada na rede social Twitter, numa conta que ainda não reflecte esta decisão (@Redskins), sendo que o endereço do site oficial continua na mesma (www.redskins.com).

Quanto a novo nome e novo emblema, é provável que só surjam em Setembro próximo, altura em que está previsto o início da nova temporada, sendo que deverão manter as cores (borgonha e dourado).

Há várias décadas que o nome Redskins tem sido alvo de críticas públicas que o consideravam ofensivo para os ameríndios. Mas os vários donos da equipa sempre resistiram a mudar-lhe o nome, considerando que este era um elogio à força dos ameríndios e não um insulto racista. Snyder, dono da equipa desde 1999, chegou mesmo a dizer numa entrevista, em 2013, que “NUNCA” iria mudar o nome da equipa - e disse ao jornalista que o entrevistou que podia usar maiúsculas no “nunca”.

A aceleração do processo de mudança de nome e imagem da equipa aconteceu após várias empresas terem ameaçado retirar os patrocínios, incluindo a FedEx, que dá nome ao estádio desde 1999 (e até 2025) a troco de 205 milhões de dólares. Também a Nike deixou de vender réplicas do equipamento dos Redskins na sua loja online (tal como a Amazon e a Walmart), e outros patrocinadores, como a Pepsi e o Bank of America, também fizeram campanha pela mudança de nome. Todas estas empresas assumiram essa posição depois dos protestos nacionais e da contestação pública corporizada no movimento “Black Lives Matter”, após a morte de George Floyd com o joelho de um agente da polícia de Mineápolis no pescoço.

Fundada em 1932, a equipa começou por estar sediada em Boston, com outro nome associado aos índios, os Braves, e igual ao nome de uma das equipas de beisebol da cidade, mudando a designação para Redskins no ano seguinte, e transferindo-se para Washington em 1937. Nas últimas décadas, houve várias petições para que o nome deixasse de ser uma marca registada, mas sem sucesso.

O nome e o emblema não são as únicas partes controversas do passado dos Redskins. A equipa de Washington foi a última da NFL a integrar jogadores negros, por recusa declarada do seu dono, George Preston Marshall, o que aconteceu apenas em 1962 - durante dez anos, os Redskins foram a única equipa sem jogadores negros. O passado racista de Marshall fez com que a sua estátua, colocada no antigo estádio dos Redskins, fosse retirada em Junho passado.

Esta decisão não será bem vista por muita gente, incluindo o Presidente dos EUA, Donald Trump, que, em reacção à declaração da equipa em estudar a mudança de nome a 3 de Julho, disse que os Redskins e os Cleveland Indians (da Major League Baseball) iam “mudar os nomes para serem politicamente correctos”.

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