Milhares protestam em Telavive contra má resposta de Netanyahu à pandemia

A manifestação juntou dez mil israelitas. Israelitas acusam executivo de ser ineficaz a combater os efeitos económicos. Netanyahu prometeu pacote de ajudas.

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A Praça Rabin, em Telavive, foi demasiado pequena para tantos manifestantes ILAN ROSENBERG/Reuters
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Milhares de israelitas protestaram no centro de Telavive contra a inepta resposta do Governo no combate às consequências económicas da pandemia de covid-19. O protesto de sábado foi o maior desde o início da crise sanitária e o ministro da Saúde israelita, Yoav Kisch, disse que representou nada menos que um “atentado terrorista sanitário”.

“Tenho 40 trabalhadores sem rendimento, sem dinheiro”, disse Michal Gaist-Casif, vice-presidente de uma empresa de som e iluminação, citado pela Reuters. “Precisamos de um Governo que injecte dinheiro [na economia] até voltarmos ao normal. Não trabalhamos desde meados de Março, passando por Abril, Maio, Junho e Julho, e Agosto parece vir a ser uma catástrofe”. 

Pressionado pelas ruas, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou já neste domingo um pacote de ajuda de cerca de 2000 euros para empresários por conta própria, e subsídio de desemprego durante um ano. Prometeu também um programa de apoio para pequenos empresários. Prevê ainda incentivar o consumo de bens produzidos em Israel, dos o Jerusalem Post.

Este plano terá ainda de passar pelo Parlamento, e parece ainda haver desacordo no seio da coligação governamental sobre o seu conteúdo, por exemplo quanto à duração do subsídio de desemprego, diz o jornal.

O desemprego em Israel situa-se neste momento nos 21%, quando antes da pandemia estava nos 3,4%, e o Governo prometeu pacotes de ajuda, diz a Reuters. Os apoios do executivo têm tardado a chegar aos destinatários, com menos metade dos 29 mil milhões de dólares prometidos a terem sido disponibilizados até agora.

E, por isso, a frustração não tem parado de aumentar, obrigando o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a prometer um novo pacote de ajuda e a encontrar-se, um dia antes do protesto, com os manifestantes para ouvir as suas exigências. No entanto, as suas palavras não foram suficientes. 

O protesto foi convocado por pequenos empresários, trabalhadores por conta própria e artistas e conseguiu mobilizar mais de dez mil pessoas na Praça Rabin, no centro de Telavive, ao ponto de o local ser demasiado pequeno para se respeitar o distanciamento social. A polícia acabou por carregar sobre os manifestantes, usando cavalos e gás pimenta, para os dispersar da praça, detendo 20 pessoas. 

Depois do fim do protesto, alguns grupos de manifestantes mantiveram-se nas ruas e alguns caixotes do lixo e a montra de um banco foi destruída. Os organizadores distanciaram-se destes episódios e recusaram o uso da violência.

“Somos contra a violência. A manifestação foi exemplar até ao final”, disse Shai Birman, presidente da associação de restauração e bares, ao Channel 12. “Há mais de meio ano que o Governo israelita ignora o público. Atingiu um ponto de ruptura e uma crise de confiança entre a nação e o seu líder. A crise de confiança não está relacionada com o protesto, tem vindo a crescer há muito tempo e ontem eclodiu”. 

O próprio Governo parece não estar alinhado na estratégia para lidar com os manifestantes. Por um lado, Netanyahu encontrou-se com os seus líderes e prometeu-lhes novos apoios, enquanto o ministro das Finanças, Israel Katz, disse não ver razões para existirem protestos, pois o executivo não perdeu o controlo da economia – foi obrigado a recuar este domingo –, e o ministro da Saúde, Yoav Kisch, classificou a manifestação como “atentado terrorista sanitário”. 

Israel tem neste momento mais de 38 mil casos e 358 mortes confirmadas, de acordo com a contagem da americana Universidade Johns Hopkins. Depois de um confinamento inicial de meses, o executivo começou a levantá-lo e os casos voltaram a aumentar, obrigando-o a impor novamente algumas medidas, encerrando pequenos negócios. A directora-geral de Saúde demitiu-se e culpou o Governo pelo falhanço

“As pessoas sentem-se indefesas, não há resposta [do Governo]. Eles [manifestantes] sentem raiva e querem que o Governo assuma responsabilidades”, disse Roee Cohen, presidente da Câmara de Israel de Organizações Independentes e Negócios, citado pela Reuters. 

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