Mais duas mortes por covid-19. Há dois meses que não havia três dias consecutivos com tantos casos

Dos novos casos, 342 foram identificados em Lisboa e Vale do Tejo, o que corresponde a 85%. Estão internadas 471 pessoas, das quais 66 em unidades de cuidados intensivos. Há 30.350 pessoas que já recuperaram.

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Miguel Manso

Portugal registou, esta sexta-feira, mais duas mortes e 402 casos de infecção pelo novo coronavírus, o que representa um aumento de 0,9%. O número de novos casos tem sido alto nos últimos dias — sempre acima dos 400 — e é preciso recuar ao início de Maio para encontrar uma sequência de três dias consecutivos com tantos casos de infecção. Entre os dias 6 e 8 de Maio, foram confirmados 1566 casos, pico que é visível no gráfico com a evolução dos casos diários; nos últimos três dias, registou-se um total de 1263 infecções.

Dos novos casos, 342 (85%) foram identificados na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Estão internadas 471 pessoas, menos 16 do que na quinta-feira, e também há menos sete em unidades de cuidados intensivos — são agora 66.

Já foram dadas como recuperadas 30.350 pessoas, das quais 301 nas últimas 24 horas. Neste momento há 13.683 casos activos, número que resulta da subtracção dos recuperados e dos óbitos ao total de infecções.

Os dados foram divulgados esta sexta-feira no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS), actualizado diariamente. A taxa de letalidade em Portugal é de 3,6%. Cerca de 86,2% das pessoas que morreram com covid-19 tinham mais de 70 anos.

O boletim desta sexta-feira não apresenta o quadro das idades relativo aos infectados e continua sem incluir a actualização dos dados por concelho. A DGS refere que está “a realizar a verificação de todos os dados com as autoridades locais e regionais de Saúde que ficará concluída durante os próximos dias”.

A região com maior número de casos de infecção é Lisboa e Vale do Tejo, que contabiliza 21.926. Surgem depois o Norte (18.001), o Centro (4254), o Algarve (688) e o Alentejo (562). Os Açores registam 153 infecções e a Madeira 95.

Desde o início da pandemia, Portugal identificou 45.679 casos de infecção. A covid-19 já fez 1646 mortes no país e 30.350 pessoas recuperaram da doença.

DGS irá corrigir os boletins desde o dia 30 de Junho

A ministra da Saúde, Marta Temido, revelou na conferência de imprensa desta sexta-feira sobre a situação da pandemia de covid-19 em Portugal que a DGS vai proceder, nas próximas horas, à “actualização de todos os boletins desde 30 de Junho”.

Marta Temido sublinhou que os dados referentes aos relatórios de situação diários da DGS dos últimos oito dias tiveram como fonte os dados agregados dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) respectivos, uma “situação que vai ser corrigida nas próximas horas”.

Há 161 surtos activos e o Rt subiu “ligeiramente” para 1 nos últimos cinco dias

Marta Temido anunciou, durante a conferência de imprensa, que “o país tem, à data, diversos surtos activos”, entre os quais 27 na região Norte, dez no Centro do país, 107 na região de Lisboa e Vale do Tejo, cinco no Alentejo e 12 no Algarve.

O rácio de transmissibilidade, ou Rt, subiu “ligeiramente”, fixando-se em 1 em todo o país, de acordo com os dados dos últimos cinco dias (de 3 a 7 de Julho) disponibilizados pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), notou a ministra da Saúde. Na região Norte o Rt é de 1,12; na região Centro é de 1,06; em Lisboa e Vale do Tejo fixa-se em 0,98; no Alentejo é de 0,95 e no Algarve é de 0,81 (o valor mais baixo).

Marta Temido sublinhou que “Portugal permanece o quinto país da União Europeia que mais testes realiza”. De acordo com dados do INSA, desde 1 de Março até esta quinta-feira, foram realizados em Portugal mais de 1.316.000 testes de diagnóstico à covid-19.

Houve 628 óbitos em lares desde o início da epidemia

A ministra da Saúde afirmou, na conferência de imprensa, que “a situação das estruturas residenciais para idosos mostra que a incidência de óbitos, a letalidade, nestas estruturas é elevada para aquilo que foram os óbitos que aconteceram no país”, sublinhando, porém, que este “é um padrão que é europeu”.

“Podemos até constatar que nalgumas estruturas, como é o caso da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), que não são estruturas específicas para pessoas idosas, a letalidade é muito baixa. Na RNCCI não há nenhum óbito desde meados de Abril. São números que comprovam que houve um conjunto de intervenções que surtiram efeito. Mas podemos baixar a guarda? Não, não podemos”, disse.

Marta Temido destacou ainda que existem várias fontes de risco nestas estruturas, incluindo as pessoas que “vêm de fora”, nomeadamente os profissionais destas unidades. Porém, garantiu que “as unidades de saúde pública estão muito atentas à vulnerabilidade destas instituições”. “Não se pode dizer que seja uma falta de estratégia. Há uma enorme preocupação, mas que evidentemente também tem que envolver as entidades gestoras destas unidades”, referiu.

Questionada sobre o número de óbitos identificados em lares, Marta Temido revelou que “628 dos 1646 óbitos registados no boletim” desta quinta-feira ocorreram em pessoas institucionalizadas em lares. Destes, 296 foram identificados na região Norte, 143 no Centro do país, 168 em Lisboa e Vale do Tejo, 16 no Alentejo e cinco no Algarve.

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