Guarda manteve bares abertos durante a pandemia. Alunos infectados acolhidos em centro apostólico da cidade

Uma festa privada terá sido foco de contágio de covid-19 e levou o Ministério Público a instaurar um inquérito. Há 18 alunos e três familiares destes infectados. Na cidade do interior, os bares nunca tiveram de fechar

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Estabelecimentos noturnos da cidade mantiveram-se abertos Paulo Ricca

Houve aplicação de medidas restritivas, mas não proibição de abrir portas: ao contrário do que acontecera no resto do país, os estabelecimentos de bebidas e discotecas da cidade da Guarda estão abertos. A confirmação é do próprio presidente da autarquia, Carlos Chaves Monteiro: “Não fiz nenhum despacho para fechar estabelecimentos de bares e discotecas”, disse ao PÚBLICO, acrescentando que alguns optaram por não abrir, mas não por imposição: “Se houve estabelecimentos que fecharam foi por não terem clientes. No período de emergência a maioria das pessoas resguardou-se completamente.”

Para o presidente da Câmara da Guarda é importante encontrar um “equilíbrio” entre a garantia da saúde e a manutenção da “pequena economia”. Embora admita diferenças entre estabelecimentos de venda de bebidas ou discotecas e restaurantes, o autarca social-democrata considera viável o funcionamento dos primeiros no actual contexto, desde que as normas de distância e etiqueta respiratória sejam cumpridas.

Importante, sublinha, é a existência de “mais fiscalização” e “acções de prevenção”. “Temos pedido isso às autoridades. Que previnam e, quando for preciso, usem a força, legal obviamente, e apliquem as coimas necessárias.” 

Para auxiliar os empresários do sector, Carlos Chaves Monteiro instalou cinco barracas amovíveis na Praça Velha, no centro histórico da cidade, para estabelecimentos que queiram ampliar as suas instalações, podendo estes estar abertos até às 23 horas. Se a medida tiver sucesso, avançou, poderá ser replicada em mais dois locais.

Estudantes em recuperação

Parte das 80 camas do centro apostólico da Guarda montadas ainda durante o estado de emergência como solução de retaguarda foram esta quinta-feira ocupadas. Para lá foram reencaminhados 18 estudantes do Instituto Politécnico da Guarda que terão sido infectados com covid-19 numa festa particular. A situação levou a instituição de ensino a suspender os exames presenciais e já levou o Ministério Público (MP) a instaurar um inquérito.

“Na sequência do acontecido numa festa organizada por alunos do Instituto Politécnico da Guarda, o Ministério Público instaurou inquérito visando a averiguação da prática dos crimes de propagação de doença contagiosa e instigação pública a um crime”, divulgou o MP, acrescentando que a investigação na comarca da Guarda é coadjuvada pela Divisão de Investigação Criminal da Polícia Judiciária local.

As autoridades de saúde estão a fazer o “estudo da rede de contactos” dos alunos infectados e têm algumas pessoas em vigilância. Para já, avalia Carlos Chaves Monteiro, o surto está “controlado” e “não há motivo para alarme excepcional”.

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