Piratas da Ria: os atractivos turísticos de Aveiro estão a ser trocados por miúdos

Perante a falta de soluções para ocupar as primeiras semanas de férias das crianças, vários pais juntaram-se e criaram um projecto que também apoia o turismo.

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Os "Piratas da Ria" Adriano Miranda

Só se deslocam de bicicleta, a pé ou de autocarro – querem dar o exemplo em matéria de mobilidade – e, em cada sítio que entram, apresentam-se como “os piratas da ria”. A única coisa que querem “roubar” são mesmo informações e impressões sobre cada local visitado. São oito crianças, com idades entre os 8 e os 10 anos, que andam à descoberta dos principais atractivos turísticos de Aveiro. Fazem entrevistas, provam iguarias e desfrutam de experiências e, no fim, vão produzir um vídeo que será uma espécie de roteiro – será divulgado nas redes sociais e na comunicação social. A ideia partiu de um grupo de pais na procura de soluções para os mais pequenos desfrutarem do seu tempo de férias num ano atípico e irá estender-se ao longo de duas semanas.

“Gostámos muito das salinas e de aprender como é que se produz o sal”, comentavam na altura em que a Fugas interrompeu um dos seus primeiros dias de aventura pela cidade. Estavam prestes a ir lanchar num espaço conhecido pelos seus croissants (Croissanteria do Oita) e já vinham carregados de aventuras para contar. “Perdemos o disco voador do Ivo”, contava o Sebastião. “E a corrente da bicicleta do André está sempre a sair”, acrescentava o João Maria.

O grupo é ainda composto pelos “piratas” Tomás, Sacha, André, Diogo, Bárbara e Maria Miguel, “capitaneados” pelo actor Ivo Prata e por Gisela Silva, mãe de uma das crianças. Cabe-lhes a eles orientar o grupo e o projecto, deixando sempre espaço para “a autonomia e para descoberta por parte das crianças”. E o que andam eles a descobrir?A nossa ria, os nossos museus, a nossa gastronomia feita a pensar nos mais novos, os nossos espaços verdes, teatros, as salinas, as nossas praias, mostrando o que torna Aveiro numa cidade amiga das famílias”, apontam os líderes do grupo.

Para cada dia têm um programa de actividades bem preenchido, ainda que sujeito a algumas alterações ou adaptações. “Eles podem cansar-se muito numa actividade de manhã e podemos ter que antecipar ou almoço ou fazer outras alterações”, exemplificam os dinamizadores.

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Os "Piratas da Ria" Adriano Miranda

Apoio das empresas turísticas

Para realizar este roteiro, os “piratas da ria” decidiram chamar várias empresas e entidades turísticas a assumirem-se como parceiras e, apesar de o projecto ser completamente novo, as respostas não tardaram a chegar. “Só duas entidades não responderam. As restantes não hesitaram em oferecer os lanches, almoços, entradas nos espaços”, conta Gisela Silva. Em troca, terão os seus serviços e produtos divulgados no roteiro final.

Além de terem de preparar previamente as entrevistas, recolher imagens e testemunhos, os pequenos “repórteres” ainda vão ter de ajudar a produzir o vídeo final. “Uma das actividades que constam do programa é, precisamente, uma aula de edição de vídeo”, revela Ivo Prata, destacando que “o envolvimento das crianças no projecto está a ser extraordinário. Começaram a fazer os guiões das entrevistas na semana anterior”.

Um projecto a repetir

É verdade que a aventura dos “piratas da ria” ainda agora começou e que há ainda muito trabalho a realizar, mas estes primeiros dias levam Ivo Prata e Gisela Silva a acreditar que esta é uma iniciativa a replicar. “Quem sabe levar os ‘piratas da ria’ a outros pontos da região. Há tanto para explorar...”, nota Gisela. Por ora, as aventuras estão centradas nas marinhas de sal, no parque da cidade, nos museus de Aveiro, nos passeios de barco e numa ida à praia da Barra, em Ílhavo.

Uma das regras de ouro destes “piratas” passa por nunca recorrer ao automóvel. Atendendo a que os pais estão ligados à Ciclaveiro e a projectos como o Ciclo Expresso, entendeu-se que esta aventura serviria também para promover a mobilidade suave. “Eles já estão habituados a ir para a escola de bicicleta, portanto, acaba por ser normal, aponta Ivo Prata.

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Diversão não falta Adriano Miranda

Ainda assim, vão encontrando dificuldades. “Ontem, sentiram algumas dificuldades em estacionar as bicicletas numa rua nova e que está em obras e que esperemos que contemple estacionamentos para bicicletas”, refere Joana Ivónia, dirigente da Ciclaveiro e mãe de um dos “piratas”. Com mais ou menos dificuldades, este é um projecto que lhes permite “conhecer a cidade, os cantinhos, a história e criar um sentido de pertença e um espírito crítico que poucas crianças têm oportunidade de ter”, acrescenta.

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