Elisa Ferreira diz que previsões económicas reforçam urgência de acordo na UE

Comissária europeia da Coesão e Reformas relembra que previsões são piores do que o esperado. “Cada dia perdido sem acção é uma vida, um emprego, um negócio que se perdem, por falta de apoios”, alertou.

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Elisa Ferreira é a comissária europeia da Coesão e Reformas Reuters/FRANCOIS WALSCHAERTS

A comissária europeia da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, defendeu, esta sexta-feira, perante o Parlamento Europeu que as mais recentes previsões económicas da Comissão mostram que é necessário pôr em acção sem mais demoras um plano de recuperação ambicioso.

Num debate no hemiciclo de Bruxelas sobre o papel da Política de Coesão na resposta à crise provocada pela pandemia de covid-19, a comissária portuguesa reiterou que “a coesão é essencial para combater as crescentes disparidades entre os Estados-membros e dentro dos Estados-membros”, afirmando que só um plano de recuperação com a solidariedade e convergência no seu cerne garantirá uma retoma “justa e resiliente”.

“As previsões publicadas esta semana pela Comissão mostram que o impacto económico desta crise vai ser ainda maior que o esperado, que a recuperação no próximo ano será mais frágil que antecipado”, sublinhou, apontando ainda que “os riscos negativos” associados às projecções “são consideráveis”, pelo que “a divergência, as assimetrias e a fragmentação são ameaças para a União”.

Apontando que a Europa vive “um momento muito crítico”, Elisa Ferreira, fazendo a defesa da proposta da Comissão Europeia de um plano de recuperação “com uma ambição sem precedentes, e com a coesão e solidariedade no seu cerne”, advertiu ainda que as negociações não podem arrastar-se, pois a situação exige uma resposta urgente.

“Cada dia perdido sem acção é uma vida, um emprego, um negócio que se perdem, por falta de apoios”, alertou.

O debate desta sexta-feira durante a sessão plenária do Parlamento Europeu ocorre precisamente a uma semana de uma cimeira de chefes de Estado e de Governo da UE, na qual os 27 vão tentar chegar a acordo sobre o Fundo de Recuperação e uma proposta revista do Quadro Financeiro Plurianual da União para 2021-2027.

A Comissão apresentou no final de Maio uma proposta de um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões de euros – com 500 mil milhões de euros canalizados para os Estados-membros através de subsídios a fundo perdido e os restantes 250 mil milhões na forma de empréstimos –, associado a um orçamento para sete anos num montante de 1,1 biliões de euros.

Hoje mesmo, o presidente do Conselho Europeu vai apresentar uma proposta revista, depois das consultas bilaterais que levou a cabo nas últimas semanas com os líderes dos 27, com vista a tentar aproximar posições para a cimeira de 17 e 18 de Julho.

Na passada terça-feira, a Comissão Europeia publicou as previsões macroeconómicas intercalares de Verão, agravando as projecções do impacto da crise da covid-19 na zona euro e na UE, nomeadamente para Portugal - estimando agora uma contracção de 9,8% do PIB, muito acima da anterior projecção de 6,8% e da do Governo, de 6,9% -, Espanha, França e Itália.

O executivo comunitário, que em Maio projectava para este ano uma contracção, já recorde, de 7,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no espaço da moeda única, prevê agora um recuo de 8,7%, apenas parcialmente compensado em 2021, com um crescimento de 6,1% (também uma revisão em baixa face à primavera, quando apontava para 6,3%).

Bruxelas também agravou as suas previsões económicas para Portugal este ano face aos choques da covid-19, estimando agora uma contracção de 9,8% do PIB, muito acima da anterior projecção de 6,8% e da do Governo, de 6,9%.

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