Jovane Cabral teve energia pela equipa toda

“Leões” triunfam por 1-0 sobre o Santa Clara em Alvalade e ficam seguros no terceiro lugar, a salvo de qualquer aproximação do Sp. Braga.

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Jovane voltou a ser decisivo LUSA/TIAGO PETINGA

Há um par de semanas, Rúben Amorim dizia que escolhia a equipa em função dos níveis de energia dos jogadores. Tal como acontecera em Moreira de Cónegos, o Sporting voltou a não exibir níveis razoáveis de energia, mas desta vez voltou a contar com Jovane Cabral, que tem energia pela equipa toda, e foi graças a ele que os “leões” derrotaram o Santa Clara por 1-0, em jogo da 31.ª jornada a I Liga. Um único golo do cabo-verdiano valeu os três pontos ao jovem Sporting de Amorim, que continua seguro no terceiro lugar, a salvo de qualquer aproximação do Sp. Braga, a menos de uma semana de ir ao Dragão defrontar o quase-campeão (que já pode estar em festa antes desse jogo) FC Porto.

Com as devidas diferenças de estilo, o que era Bruno Fernandes antes de partir para Old Trafford é agora Jovane Cabral no Sporting. Não é o pensador de jogo (esse papel está reservado a Wendel, outro dos melhores em campo), mas é o dinamizador, a grande fonte de perigo e espectáculo, e a equipa procura-o no ataque mais do que a qualquer outro. Habituou-se a marcar golos espectaculares e, neste confronto monótono com o já absolutamente tranquilo Santa Clara, teve mais um desses momentos.

Confinada na Cidade do Futebol para o que resta da época, a bem orientada e organizada formação açoriana já tinha feito estragos no campo de um dos “grandes” de Lisboa (3-4 ao Benfica na Luz) e queria voltar a fazê-lo em Alvalade. Tinha argumentos técnicos e tácticos para o alcaçar — João Henriques sabe bem o que está a fazer e a sua estratégia de fechar o Sporting na sua construção a partir de trás, sem conseguir a profundidade, resultou na perfeição durante quase uma hora.

Amorim voltou a baralhar um pouco o “onze”, apresentando Acuña como o terceiro central e inserindo Doumbia no meio-campo ao lado de Wendel, o que não é, de todo, a melhor combinação. O brasileiro é indiscutível e procura sempre uma solução na direcção da baliza adversária, o homem da Costa do Marfim é voluntarioso, mas joga quase sempre para o lado ou para trás. E o jogo dos “leões” pareceu sempre bastante previsível e sem energia.

O Sporting tinha domínio territorial, mas era parco em remates, enquanto o Santa Clara se sentia confortável na expectativa, à espera do erro. Até nos golos anulados as equipas se equipararam. Aos 24’, Doumbia meteu a bola na baliza após canto, mas o árbitro António Nobre já tinha invalidado o lance por aparente falta de Coates. Seis minutos depois, Thiago Santana meteu a bola na baliza de Maximinano, mas estava em fora-de-jogo no momento do cruzamento de Rafael Ramos. E antes do intervalo, também trocaram oportunidades: Sporar quase que aproveitava um desentendimento entre o guarda-redes Marco e João Afonso, aos 41’; Santana cabeceou ligeiramente ao lado após passe de Lincoln, aos 45’.

Depois, na segunda parte, o jogo reentrou na monotonia, culpa dos dois lados. Até ao momento em que Jovane resolveu voltar a ser decisivo. Minuto 67, Wendel “inventou” uma linha de passe no meio de dois defesas do Santa Clara, a bola viajou até Jovane que, de primeira e em queda, fez o único golo do jogo, mais um a dar uma vitória ao Sporting. Foi o seu sexto golo da época (o quinto no pós-confinamento) e manteve Amorim como um treinador invencível desde que aterrou em Alvalade (seis vitórias e dois empates em oito jogos). E é sobretudo graças a ele que o Sporting é a melhor equipa do futebol português desconfinado.

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