Fernando Gomes, uma promessa de estabilidade na federação até 2024

Actual presidente do organismo parte hoje para o terceiro e último mandato, sem oposição nas eleições. O equilíbrio financeiro, os títulos colectivos e a reestrutução dos calendários competitivos são prioridades.

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LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Pelas 17h, quando se iniciar a contagem dos votos na Cidade do Futebol, em Oeiras, estará apenas em causa apurar a dimensão da vitória de Fernando Gomes. Àquele que será o terceiro e último mandato, o actual presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) concorre sozinho, tal como há quatro anos, mas agora legitimado por títulos inéditos.

No dia 4 de Junho de 2016, quando o antigo presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) venceu o segundo sufrágio a que se submeteu na FPF, com 92% dos votos, a selecção nacional estava em contagem decrescente para a estreia no Campeonato da Europa. Menos de um mês depois, regressava a casa com o troféu na mão, o primeiro grande título internacional da história das selecções seniores portuguesas na modalidade.

Essa façanha, por si só, bastaria para colocar Fernando Gomes numa posição altamente vantajosa na corrida a um terceiro mandato. Mas a verdade é que a equipa orientada por Fernando Santos foi mais longe, ao conquistar a primeira edição da Liga das Nações, em 2019, consolidando fora de portas o estatuto de um país que, para além de muito talento individual, mostrava finalmente ter argumentos colectivos capazes de gerarem currículo.

Esta foi a face mais mediática dos dois primeiros mandatos e aquela que provavelmente mais contribuiu para dissuadir eventuais adversários de concorrerem à liderança da FPF. Mas o legado de Fernando Gomes vai muito para lá do palmarés desportivo. Da construção da Cidade do Futebol ao lançamento do canal 11, do relançamento do futsal à dinamização do futebol amador e feminino, foram várias as frentes em que o organismo se envolveu, alicerçado em contas que em muito beneficiaram dos sucessos em campo.

Desde que, em 2015, se associou ao programa Grow, uma iniciativa da UEFA que visava combater a quebra de praticantes a nível europeu, a FPF registou um crescimento das receitas comerciais para o triplo, aumentou a sua base de seguidores e fez disparar o número de atletas federados para 268.528. Uma performance que motivou elogios de alguns dos responsáveis da UEFA, que numa conferência utilizaram o caso português como um exemplo de sucesso.

Se do ponto de vista logístico, organizativo e desportivo os progressos da FPF, sob o comando de Fernando Gomes, são palpáveis, menos pacífica foi a gestão de pastas mais sensíveis, como o Conselho de Disciplina (José Manuel Meirim foi substituído no cargo pela deputada Cláudia Santos, que iniciará funções quando começar o novo mandato), a arbitragem (as críticas ao actual Conselho de Arbitragem têm vindo a intensificar-se) ou a relação institucional com a LPFP, com vários braços-de-ferro ao longo dos anos.

Com quase 30 anos de dirigismo desportivo, desde que liderou a secção de basquetebol do FC Porto, Fernando Gomes tem visto a sua reputação de bom gestor e diplomata subir na pirâmide da UEFA, organismo no qual exerce um cargo de vice-presidência. Para o novo mandato na FPF, revela a ambição de um novo título internacional no futebol masculino e aponta como fundamental “garantir a estabilidade estrutural” do organismo, inevitavelmente afectado pela covid-19.

Para pôr em prática os projectos que tem em mente, como a reestruturação dos quadros competitivos (algo que já foi anunciado para o III escalão, por exemplo), Gomes conta praticamente com a mesma equipa que o tem secundado. A um núcleo duro composto por Humberto Coelho, João Vieira Pinto, Pedro Pauleta, José Couceiro, Pedro Dias, Mónica Jorge e Rui Manhoso, o novo elenco junta o antigo avançado Hélder Postiga e José Alberto Ferreira, presidente da associação de Viseu. 

Todos eles, enquanto membros da única lista candidata, serão sufragados hoje, a partir das 15h, num acto com várias restrições impostas pela pandemia. A tomada de posse está prevista para as 18h.

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