Suspender reutilização de manuais escolares foi má medida, acusa associação Zero

Pelas contas da associação ambientalista, a decisão vai implicar mais abate de árvores, mais emissões de CO2 e um consumo acrescido de água.

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A Zero defende que há soluções alternativas à medida em curso Daniel Rocha

A suspensão da reutilização de manuais escolares foi uma má medida em termos ambientais, considera a organização ambientalista Zero, segundo a qual a decisão implica um abate acrescido de 92.500 árvores.

A medida, da Assembleia da República e no âmbito do orçamento suplementar para 2020, implica também a emissão de mais 1500 toneladas de dióxido de carbono (CO2) e um gasto acrescido de 130 milhões de litros de água, segundo as contas da Zero. Razões que levam a associação a considerar, em comunicado, que a decisão “demonstra como a sustentabilidade ainda não entrou na agenda política.”

“A Zero considera que esta tomada de decisão demonstra que os partidos políticos (e vários outros stakeholders envolvidos no debate), quando confrontados com um problema, têm uma clara tendência para não ponderar os aspectos da sustentabilidade e avançarem com decisões com total desconsideração pelos impactos que terão em termos ambientais”, acrescenta.

A organização lamenta que não se tenham debatido alternativas, como manter a entrega de manuais para reutilização pelo menos nos anos de mudança de ciclo e no 12.º ano, deixar a decisão ao critério das escolas ou mesmo manter a entrega dos manuais para reutilização por todos os alunos que possam ter acesso a recursos digitais.

Na semana passada, o ministro da Educação informou que o Governo iria suspender a devolução de manuais escolares, de acordo com a Assembleia da República, que aprovou uma proposta (do CDS-PP) nesse sentido, no âmbito da Comissão de Orçamento e Finanças

“Orçamentalmente e financeiramente, toda esta operação vai implicar agora uma dotação de cerca de 150 milhões de euros que não estavam previstos, nem ficaram previstos, no Orçamento Suplementar”, disse na altura Tiago Brandão Rodrigues.

A Zero diz acreditar que a decisão ainda possa ser corrigida.

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