Bruxelas aprova estratégia para acelerar produção de hidrogénio verde

Executivo comunitário quer aumentar a capacidade instalada de electrolisadores para 6GW em 2024.

Foto
Apresentação de hoje foi feita pelo vice-presidente da Comissão Frans Timmermans e pela comissária europeia para a Energia, Kadri Simson LUSA/Virginia Mayo / POOL

A Comissão Europeia quer acelerar a produção de hidrogénio verde a partir de fontes renováveis como o sol e o vento, e promover a sua integração num sistema global de energia mais eficiente e circular, através do seu armazenamento e distribuição para o uso “doméstico”, industrial e no sector dos transportes. Para isso, decidiu rever as metas de médio prazo, e fixar um novo objectivo de ter uma capacidade instalada de electrolisadores de 6 gigawatts em 2024 — seis vezes a capacidade actual — de forma a aumentar a produção deste combustível sustentável até um milhão de toneladas.

O colégio de comissários aprovou esta quarta-feira as novas Estratégias Europeias para a Integração dos Sistemas de Energia e o Hidrogénio que, segundo o vice-presidente executivo da Comissão Frans Timmermans, são “cruciais” para tornar o “Green Deal” uma realidade, promovendo a recuperação verde e a descarbonização da economia, de forma a atingir a neutralidade climática em 2050.

Nessa data, o executivo espera que a tecnologia do hidrogénio verde já tenha atingido a sua maturidade e esteja acessível em larga escala para uso em todos os sectores da economia que têm uma utilização intensiva de energia mas não são adequados à electrificação.

Até lá, a Comissão propõe que se avance gradualmente no caminho da descarbonização, propondo que durante uma fase intermédia, e em simultâneo com os investimentos para o aproveitamento da energia eólica e solar, possa ser desenvolvida a produção e distribuição do chamado hidrogénio azul, produzido a partir do gás natural.

“Isso vai permitir-nos baixar o preço e criar um verdadeiro mercado para o hidrogénio”, justificou o vice-presidente executivo, que disse conviver bem com as críticas das associações ambientais que contestam o recurso à descarbonização do gás natural.

Para criar as condições para o aumento da procura, a Comissão também lançou esta quarta-feira uma nova Aliança Europeia para o Hidrogénio Limpo, onde se vão juntar as autoridades nacionais, os representantes da indústria e da sociedade civil e o sector financeiro (através do Banco Europeu de Investimento). A ideia é que esta aliança permita avaliar os melhores projectos e identificar as oportunidades de investimento.

Pelo seu lado, o executivo comprometeu-se a rever a legislação climática e de energia existente, e a apresentar novos regulamentos relativos à fileira do hidrogénio. Além disso, prometeu reservar uma parcela do financiamento disponível através do Fundo de Transição Justa e do fundo de recuperação “Próxima geração UE”, para a promoção do hidrogénio verde.

Em termos de metas para o hidrogénio verde, a Comissão manteve o objectivo antes fixado para o ano de 2030, de uma capacidade instalada de electrolizadores de 40 gigawatts, e uma produção acima das dez milhões de toneladas.

A estratégia para o hidrogénio insere-se num quadro mais vasto de integração do sistema de energia da União Europeia, que o executivo também quer promover. O objectivo é acabar com a actual fragmentação em que cada sector consumidor de energia tem as suas próprias infra-estruturas e cadeias de valor, e caminhar para um modelo “holístico” e circular, mais eficiente e sustentável.

Na estratégia adoptada pelo colégio de comissários esta quarta-feira constam 38 acções concretas, que passam por alterações legislativas, apoios para a investigação e desenvolvimento de novas tecnologias ou para o planeamento de infra-estruturas e incentivos para os Estados-membros que eliminem subsídios aos combustíveis fósseis.

Sugerir correcção