Jerónimo de Sousa preocupado pede aposta na produção nacional

O secretário-geral do PCP diz que, se o país não produzir mais e se não se confiar “na expansão do mercado interno, naturalmente as previsões até se podem agravar”.

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Jerónimo de Sousa LUSA/Carlos Barroso Fotojornalista PO

O secretário-geral do PCP demonstrou nesta terça-feira preocupação pelas previsões económicas para Portugal este ano face aos choques da covid-19, considerando que podem vir a agravar-se se não se apostar na produção e mercado nacionais.

“São previsões preocupantes, que demonstram o que se passou no Orçamento suplementar, em que é necessário medidas urgentes para repor o equilíbrio das pequenas e médias empresas”, afirmou Jerónimo de Sousa, em declarações aos jornalistas, durante uma visita a uma cultura de trigo, no Cadaval, distrito de Lisboa.

Para o secretário-geral do PCP, se o país não produzir mais, e se não se confiar “na expansão do mercado interno, naturalmente as previsões até se podem agravar”.

O líder comunista sublinhou que a crise provocada pela pandemia da covid-19 veio intensificar “a necessidade de ruptura com esta política de dependência do exterior e de aumento da produção nacional”, como forma de valorizar a soberania nacional, tema que o PCP leva a debate em plenário, na quarta-feira.

A estratégia para o comunista está em “procurar outros caminhos” além do turismo e “não apontar para este ou aquele sector”. Jerónimo de Sousa deu o exemplo da agricultura e, em concreto, da produção de trigo.

“Hoje só produzimos trigo para duas semanas num ano inteiro, o que demonstra a dependência do estrangeiro em relação a um bem essencial, no caso concreto o pão”, disse, sublinhando que existem “possibilidades imensas, capacidades de produzir cá o que nos obrigaram a comprar lá fora”.

No caso do trigo, alertou que os agricultores têm dificuldades em escoar a produção e em armazená-la, motivo pelo qual grande parte da produção nacional de trigo vai para o fabrico de rações.

A Comissão Europeia agravou hoje as suas previsões económicas para Portugal este ano face aos choques da covid-19, estimando agora uma contracção de 9,8% do PIB, muito acima da anterior projecção de 6,8% e da do Governo, de 6,9%.

Nas previsões intercalares de Verão divulgadas nesta terça-feira, o executivo comunitário reviu em baixa as projecções macroeconómicas, já sombrias, da primavera para o conjunto da zona euro e da UE, mas mostra-se particularmente mais pessimista relativamente a Portugal, ao agravar a projecção de recessão em três pontos percentuais, apenas parcialmente compensada em 2021 com um crescimento de 6,0% (neste caso ligeiramente mais optimista do que os 5,8% antecipados na primavera).

O executivo comunitário espera então agora uma contracção em Portugal acima da média da zona euro (-8,7%) e da UE (-8,3%), quando há dois meses estimava que ficasse abaixo, ao antecipar uma queda da economia portuguesa de 6,8%, contra 7,7% no espaço da moeda única e 7,6% no conjunto dos 27 Estados-membros.

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