Renamo acusa Governo moçambicano de violar espírito de reintegração
Principal partido da oposição critica exclusão de posições de chefia da polícia dos seus desmobilizados e acusa o Executivo de estar a “matar o pluralismo político”.
A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) acusou esta terça-feira o Governo moçambicano de violar o espírito do acordo de desarmamento, desmobilização e reintegração (DDR), ao excluir oficiais do braço armado do principal partido da oposição de posições de chefia no Comando-Geral da Polícia.
O porta-voz da Renamo, José Manteigas, disse esta terça-feira à Lusa que o partido tinha “uma legítima expectativa” de que oficiais do braço armado da organização patenteados no passado sábado ocupassem posições de chefia no Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), mas foram destacados para posições inferiores.
“Acompanhamos atentamente a atribuição de patentes aos militares da Renamo, mas criticamos o facto de nenhum deles estar numa posição de chefia no Comando-Geral da Polícia”, declarou José Manteigas.
O porta-voz do partido da oposição adiantou que esta exclusão viola o espírito do acordo de DDR assinado com o Governo.
Os dez oficiais da Renamo patenteados no sábado vão ser colocados como responsáveis de esquadras e nas polícias de trânsito, guarda de fronteira e de protecção de recursos naturais e do meio ambiente.
Os patenteados eram guerrilheiros da Renamo e foram integrados na PRM em finais do ano passado, tendo sido submetidos a uma formação básica na polícia moçambicana, estágio pré-profissional, patenteamento e tomada de posse.
Depois de um arranque simbólico no ano passado, o DDR esteve paralisado durante vários meses, tendo sido retomado em 4 de Junho e vai envolver cinco mil membros do braço armado do maior partido da oposição.
Desde então já foram abrangidos 38 ex-guerrilheiros em Savane, 251 ex-guerrilheiros em Chibabava e outros 303 em Dondo, na província de Sofala, no centro do país.
Entretanto, a Renamo considerou contrária ao “pluralismo político” a apresentação pública de 160 membros do principal partido da oposição em Moçambique a declararem a sua filiação à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder.
Os 160 militantes do partido da oposição foram apresentados numa cerimónia pública no fim-de-semana no posto administrativo de Dombe, província de Manica, no centro de Moçambique. O acto foi dirigido pelo primeiro secretário do Comité Provincial da Frelimo, Tomás Chithlango.
José Manteigas considerou a acção contrária ao pluralismo político, acusando o partido no poder de implementar uma estratégia de fragilização da oposição. “É contraproducente esse tipo de acção, porque é uma forma de matar o pluralismo político, através da fragilização da oposição”, afirmou.