Rede portuguesa de monitorização costeira vai dar livre acesso aos dados

Parâmetros físicos, químicos e biológicos são recolhidos pela rede portuguesa de monitorização costeira, a CoastNet.

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Estuário do Tejo Nuno Ferreira Santos

A rede portuguesa de monitorização costeira quer dar “acesso livre e quase em tempo real” aos dados para fomentar a investigação científica e a gestão e o desenvolvimento da costa, disse esta terça-feira o coordenador do projecto, José Lino Costa.

Na apresentação da infra-estrutura, também conhecida por CoastNet e que faz parte do Roteiro Nacional de Infra-estruturas de Investigação de Interesse Estratégico, José Lino Costa explicou que a ambição da iniciativa passa também por associar outros “dados históricos”, no sentido de desenvolver produtos e indicadores para a zona costeira.

“Queremos realizar observações e medições quer de forma remota quer no terreno, sendo que vamos privilegiar a observação remota contínua. Esperamos conseguir integrar e permitir a visualização dos dados, em que a ideia é utilizar a informação recolhida”, afirmou o coordenador na apresentação da infra-estrutura através de videoconferência.

Com a recolha de parâmetros físicos, químicos e biológicos, a rede de monitorização costeira – integrada na European Tracking Network, dedicada à marcação e ao acompanhamento da movimentação de animais –​ tem também como objectivo o “tratamento do acervo dos dados, quer históricos quer recentes”, esperando assim potenciar a sua utilização a nível científico, tecnológico, na gestão de serviços ou com fins meramente recreativos.

“A CoastNet é uma estrutura de investigação dedicada ao estudo do funcionamento e à promoção da utilização sustentável da zona costeira. Não é só a preservação, é o usufruto e o benefício de toda a zona costeira que está em causa. É preciso conhecimento que seja recolhido com a frequência e o nível de fidedignidade necessários”, sintetizou o coordenador.

A “implementação da infra-estrutura está completa”, segundo José Lino Costa, e assenta em quatro eixos: um sistema de detecção remota costeira; um sistema de monitorização ambiental em contínuo; uma rede nacional de receptores de biotelemetria aquática; e a transposição das informações para o Geoportal, que integra, processa e disponibiliza os dados à comunidade. Contudo, não deixou de realçar os desafios para a etapa de consolidação que agora se inicia.

“Uma infra-estrutura que é colocada no mar, sujeita a intempéries ou ao “amigo do alheio”, está exposta a mais riscos”, notou o coordenador, acrescentando: “Os outros grandes desafios são a afinação do modelo de financiamento, o aumento da visibilidade da infra-estrutura e a implementação de novas funcionalidades. Queremos também estreitar os laços com outras infra-estruturas e redes europeias e estabelecer parcerias com mais instituições nacionais.”

Igualmente presente na videoconferência de apresentação da CoastNet esteve o ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, que considerou “essencial” a rede portuguesa de monitorização costeira para se perceber “o estado da evolução do oceano”. Por outro lado, o governante fez questão de enfatizar as responsabilidades de Portugal na área do conhecimento marítimo.

“O Estado português tem a obrigação de implementar a directiva europeia de estratégia marinha”, frisou Ricardo Serrão Santos, realçando que o país “deve ainda reportar a implementação da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável” a nível nacional e que “o interesse em apostar no conhecimento do mar” e dos oceanos vai continuar e crescer ao longo da próxima década.

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