Costa e Sánchez querem acordo europeu de apoios ainda este mês

“Julho tem de ser o mês do acordo europeu”, disseram os chefes de Governo de Portugal e Espanha. Marcada Cimeira Ibérica para final de Setembro ou início de Outubro, na Guarda.

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Costa e Sánchez estiveram reunidos no Palácio de São Bento LUSA/ANTONIO COTRIM

António Costa e Pedro Sánchez consideram nesta segunda-feira fundamental que saia um acordo quanto aos apoios no âmbito da crise provocada pela covid-19 já na próxima reunião da Comissão Europeia dos próximos dias 17 e 18. O primeiro-ministro português e o chefe do Governo de Espanha reuniram-se no Palácio de São Bento para acertar uma estratégia conjunta para esta reunião.

“É essencial que a Europa não perca mais tempo e seja capaz de dar uma resposta conjunta e robusta à situação causada pela covid-19”, começou por afirmar Costa.

O primeiro-ministro português considerou que a proposta que a Comissão Europeia apresentou “é inteligente, justa e equilibrada” e espera que “possa ser a base para uma aprovação o mais rapidamente possível”. E salientou que a resposta é inteligente “porque não propõe nem um cheque em branco, nem uma nova troika”: “Propõe que o montante de financiamento sirva para investimento e apoiar as reformas necessárias.

“É muito importante que nos organizemos de forma a apoiar a proposta da comissão e trabalhar junto com os nossos parceiros para que seja possível ter, em Julho, aprovado um programa de recuperação que responda com urgência à necessidade da recuperação económica e protecção do emprego e que nos permita o mais rapidamente possível ter estas ferramentas essenciais”, acrescentou.

Costa considerou ainda que a proposta da comissão de 750 mil milhões de euros lhe parece adequada para, juntamente com os recursos que o Eurogrupo mobilizou e a capacidade de intervenção do Banco Central Europeu, “dar uma resposta adequada à crise”. “É essencial que a Europa não perca mais tempo e seja capaz de dar uma resposta conjunta e robusta à situação causada pela covd-19”, frisou.

Já Pedro Sánchez subscreveu “todas as palavras” do primeiro-ministro português e acentuou também ele a necessidade de haver um acordo já na próxima reunião das instâncias europeias.

“O mês de Julho é o mês para se chegar a um acordo na Europa e só a unidade pode salvar muitas empresas, proteger o emprego e reforçar o projecto europeu. (…) Sei que vai ser difícil, mas temos de chegar a um acordo”, afirmou o chefe do Governo espanhol.

Costa e Sánchez afirmaram ainda que este não é o momento para traçar linhas vermelhas na reunião da Comissão Europeia, mas sim para “traçar linhas vermelhas para traçar linhas verdes para se chegar a um acordo”.

“Claro que podemos sempre discutir se é um bocadinho mais ou um bocadinho menos, mas há algo que é fundamental: Não deve haver cortes na política de coesão, nem no segundo pilar da PAC. Essas são as linhas fundamentais”, acrescentou o primeiro-ministro português.

Critério único

Novamente questionado sobre as restrições que alguns países estão a colocar à entrada de cidadãos portugueses, António Costa afirmou que esse tipo de decisões “não pode ter como base um único critério”.

“Há países que tiveram mais contágios numa fase inicial, há países que têm mais contágios numa fase seguinte. Há países que fizeram mais testes ou menos testes. A comparação deve integrar o conjunto destes critérios e não um único critério. Se fosse só por um critério, a posição que o Reino Unido tomou não faria qualquer sentido, porque é manifesto que atendendo ao nível de contágios no Reino Unido e nas regiões de Portugal, não há nenhum motivo para que as pessoas se sintam mais inseguras em Portugal”.

“Devemos seguir a orientação da Comissão Europeia e é, por exemplo, aquilo que Portugal e Espanha estão a seguir, ou seja, haver uma abertura de fronteiras entre países que alcançaram um nível semelhante de contágio”, acrescentou.

Os dois chefes de Governo anunciaram ainda a realização uma Cimeira Ibérica entre final de Setembro e princípio de Outubro, na cidade da Guarda. "Temos adiado por motivos vários essa cimeira luso-espanhola, mas, seguramente, entre o final de Setembro e o início de Outubro, vamos poder realizá-la na Guarda. Vai ter como tema central um projecto que temos vindo a trabalhar em conjunto nos últimos anos, que é a definição de uma estratégia comum de desenvolvimento transfronteiriço”, disse Costa.

O primeiro-ministro anunciou ainda o apoio de Portugal à candidatura da espanhola Nádia Calviño para substituir Mário Centeno na presidência do Eurogrupo.

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