Museu Nacional do Brasil: Polícia diz que incêndio foi acidental

Edifício histórico com 200 anos, que chegou a ser residência da família real portuguesa e da família imperial brasileira, albergava colecções únicas, que terão desaparecido no fogo, incluindo o Luzia, o fóssil humano mais antigo encontrado na América do Sul, com cerca de 12.500 anos.

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Vista aérea do Museu Nacional do Rio depois do incêndio ricardo moraes/reuters

A Polícia Federal do Brasil descartou esta segunda-feira a existência de qualquer acção criminosa no incêndio ocorrido em 2018 no Museu Nacional do Rio de Janeiro, que destruiu grande parte de uma colecção de 20 milhões de artefactos. O incêndio terá começado com um aparelho de ar condicionado num auditório perto da entrada do edifício, de acordo com um comunicado sobre o encerramento do caso divulgado pela Polícia Federal. O relatório pericial descartou a hipótese de que tenha ocorrido uma acção criminosa.

A polícia brasileira também informou que a conduta dos directores do museu não constituiu negligência porque, em Agosto de 2015, o Corpo de Bombeiros do estado do Rio de Janeiro iniciou uma fiscalização no local, que não foi concluída. Após a fiscalização, o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e a directora do Museu Nacional iniciaram tentativas junto do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) para obter recursos e revitalizar o edifício que abrigava a colecção principal, invocando, entre outros motivos, a necessidade de adequação do local ao Código de Segurança contra Incêndio. O contrato foi assinado em Junho de 2018, porém o valor a transferência da verba não se efectivou antes da ocorrência do incêndio.

Com base nas provas colhidas, a polícia brasileira frisou que “não caracterizou a conduta dos gestores como omissa, especialmente, porque faltava apenas a transferência da verba do BNDES [banco estatal] para o Museu Nacional para que as obras se iniciassem”.

O Museu Nacional abrigava móveis e obras de arte pertencentes à antiga família real portuguesa, gravações de línguas indígenas, exemplares de animais e plantas como borboletas raras e corais, além de uma colecção de múmias e artefactos egípcios. Alguns artefactos foram recuperados dos escombros, incluindo fragmentos de um crânio pertencente ao fóssil de Luzia, um dos esqueletos humanos mais antigos das Américas, descoberto no Brasil em 1975 e com a datação mais antiga dos restos humanos encontrados nas Américas. O crânio era considerado um dos principais tesouros do Museu Nacional brasileiro.

O edifício do Museu Nacional que ardeu já foi um Palácio Real e serviu de sede do Império Português e do Império brasileiro antes de se transformar num museu, em 1892.

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