Carles Puigdemont anuncia criação de novo partido político

Puigdemont estava em conflito com o PdeCat há algum tempo e conta com o apoio de figuras importantes do independentismo catalão.

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Carles Puigdemont abandonou a presidência da Generalitat em 2017 SALVATORE DI NOLFI/EPA

O ex-presidente da Generalitat Carles Puigdemont rompeu com o Partido Democrata Europeu Catalão (PdeCat) e anunciou a criação de um novo partido político para concorrer às próximas eleições regionais, que deverão ocorrer em 2021.

A notícia foi avançada inicialmente pelo La Vanguardia na quarta-feira e a confirmação oficial surgiu pelo próprio Puigdemont, no dia seguinte, nas redes sociais, ao divulgar um comunicado a dar conta da criação da nova força política. A assembleia constituinte para a eleição dos órgãos do novo partido está marcada para 25 de Julho, um dia antes do Conselho Nacional do PdeCat.

O novo partido político, que apela à mobilização da “corrente central do catalanismo” e reivindica a independência da Catalunha, ainda não tem nome, apesar de no comunicado divulgado surgir uma referência ao “Juntos pela Catalunha”, precisamente o nome da coligação que, nas eleições de regionais 2017, juntou o PdeCat com outras formações independentistas catalãs.

No entanto, o PdeCat, que sucedeu ao histórico partido Convergência Democrática da Catalunha (CDC), detém os direitos do nome “Juntos pela Catalunha”, portanto, dificilmente este poderá ser o nome da nova formação política de Puigdemont, que desempenha o cargo de eurodeputado em Bruxelas. 

De acordo com o manifesto divulgado por Puigdemont, o novo partido reivindica o legado do referendo de 1 de Outubro de 2017, quando mais de 90% dos catalães votaram a favor da independência, apesar de só terem comparecido nas urnas pouco mais de 40%.

“Todas as nações têm direito à sua autodeterminação. A Catalunha não é excepção. Devemos ter bem presente o compromisso de 1 de Outubro se queremos terminar com êxito o processo de independência”, lê-se no documento.

A nova formação política conta com nomes de peso do independentismo catalão, nomeadamente os ex-conselheiros (ministros) Jordi Turull, Josep Rull e Joaquim Forn, ou o ex-líder da Assembleia Nacional Catalã (ANC) Jordi Sánchez, quatro figuras que estão a cumprir pena de prisão por sedição e desvio de dinheiros públicos na sequência do referendo de 2017, considerado inconstitucional pelos tribunais e não reconhecido por Madrid. Os actuais conselheiros da Generalitat Meritxell Budó e Damià Calvet também apoiam Puigdemont.

Entre as ausências no apoio ao novo partido de Puigdemont está o actual presidente catalão, Quim Torra, e Laura Borràs, porta-voz do Juntos pela Catalunha, duas figuras que se têm afastado do ex-presidente da Generalitat. 

Conforme nota o El Periodico, há vários meses que Puigdemont estudava a hipótese de formar um novo partido, tendo em conta a divergência existente no interior do PdeCat, não só sobre o futuro da coligação Juntos pela Catalunha, como por polémicas nas escolhas paras as listas eleitorais e divergências ideológicas. 

As próximas eleições regionais estavam previstas para o final de 2021, no entanto, o presidente catalão anunciou em Janeiro que as eleições vão ser antecipadas, apesar de a data ainda não ter sido revelada. Na origem desta decisão estão as divergências cada vez maiores entre a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), de esquerda radical, e o Juntos pela Catalunha, de centro-direita, que, apesar de serem parceiros na Generalitat, disputam a hegemonia sobre o independentismo catalão e divergem quanto ao apoio ao Governo de Pedro Sánchez.

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