Sobe para 17 o número de infecções ligadas a empresa conserveira de Vila do Conde

Duas novas infecções são de pessoas próximas de trabalhadores da fábrica Gencoal, onde se aguarda que os donos da empresa aceitem testar os 450 funcionários.

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A fábrica foi comprada em 2006 por um grupo italiano DR

O número de pessoas com testes positivos para o novo coronavírus associadas ao foco que se desenvolveu na fábrica de Conservas Gencoal, em Caxinas, Vila do Conde, subiu de 15 para 17, sendo que o número de infectados no interior da empresa se mantém em sete, quando já são conhecidos os resultados de 80 testes. Ou seja, neste momento, são já dez as pessoas dos círculos familiares dos trabalhadores infectados com diagnóstico positivo e que estão, por isso, também em isolamento. 

Na próxima segunda-feira, já com a presença, em Portugal, da administração do grupo italiano que detém a fábrica, poderá ser decidido, mediante as circunstâncias, se se avança para a testagem dos 450 trabalhadores desta unidade que produz essencialmente conservas de cavala, salmão e atum para exportação. A submissão de todos os recursos humanos a um teste é vista com bons olhos pelas operárias que, para além de quererem perceber rapidamente se estão ou não contaminadas - e agirem em conformidade em termos de precauções a tomar - precisam, com urgência, de restabelecer a confiança da própria comunidade envolvente.

À medida que vão sendo conhecidos os casos, tem aumentado a pressão sobre trabalhadoras, e até há casos de maridos destas, ligados a outras empresas, que tem sido aconselhados ou impedidos de se apresentarem ao trabalho sem um papel que garanta que não estão, também contaminados. Uma operária refere que, mesmo no comércio local, há quem barre a entrada a funcionárias da Gencoal, por receio. “Temos mulheres nas linhas a chorar com a situação que se gerou”, lamenta uma operária. Na quinta-feira, outra mulher contou que lhe tinham dito que não poderia levar o filho ao infantário. 

Em Vila do Conde, várias instituições adiaram o retomar das suas actividades, ou interromperam-nas,​ até verem a situação esclarecida. É o caso do agrupamento de escuteiros da paróquia do Sr. dos Navegantes, que já não vai recomeçar as reuniões este fim-de-semana, como previam, admitindo fazê-lo na próxima semana, se a situação estiver controlada. Uma instituição desportiva cancelou os treinos de algumas crianças até ter informações mais concretas sobre o alcance das infecções.

Esta sexta-feira, em declarações ao Porto Canal, a delegada do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação do Norte regozijou-se com o facto de, após 80 testes, se manter em sete o número de infecções no interior da fábrica. Que, adiantou, já reabriu a secção de produção de salmão em lata, encerrada no final da semana passada. Desinfectado o espaço, e recebidos os resultados das funcionarias abrangidas pelos primeiros 30 testes, as operárias puderam voltar ao serviço.

Os restantes 50 testes, acrescentou Marta Cunha, foram feitos já nesta terça-feira, numa altura em que o foco foi tornado público. Depois da visita da delegação de saúde às instalações, já na quarta-feira, foi entendido que a empresa segue padrões de segurança "acima da média", no que à prevenção de infecções diz respeito, e foi posta de parte, para já, a possibilidade do seu encerramento. 

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