Petição quer impedir construção de túnel em Miramar

Em causa está a modernização da Linha do Norte, no troço entre Espinho e Vila Nova de Gaia. Moradores insurgem-se contra destruição de património paisagístico.

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PAULO PIMENTA / PUBLICO

Uma petição pública já com 1666 assinaturas pretende impedir a construção de um túnel na zona de Miramar, em Vila Nova de Gaia, contemplada nas obras da via ferroviária local.

A petição, intitulada “Não Destruam Miramar: Não ao Túnel”, anuncia que se tornou “recentemente do conhecimento dos moradores de Miramar que existe um plano de construção de um túnel rodoviário na Avenida Vasco da Gama para travessia da passagem de nível, com a sua supressão, projecto esse que se encontra na iminência de se concretizar”. A Avenida Vasco da Gama, um espaço de lazer, constitui “património paisagístico de grande valor”, dizem, pelo que os subscritores da petição consideram o projecto “inqualificável”.

A obra em causa tem como objectivo, segundo comunicado das Infra-estruturas de Portugal, “a modernização da Linha do Norte, no troço entre Espinho e Vila Nova de Gaia” e foi adjudicada pelo montante de 55,3 milhões de euros ao consórcio de empresas DST, S.A. e AZVI, S.A. Para além disso, com esta empreitada, a empresa propõe o aumento da capacidade para comboios de mercadorias, a segurança e a flexibilidade de exploração.

Na petição refere-se que a obra implicará o abate de árvores centenárias, a construção de um túnel que vai abarcar grande parte do trajecto desde a Praça de Índia até aos primeiros quarteirões a nascente da estação e a colocação de faixas de circulação de ambos os lados do túnel. Ainda de acordo com a petição, encontra-se planeada a construção de um túnel adicional na Rua das Moutadas, a cerca de 750 metros, o que torna a passagem “redundante”, afirmam.

A petição adianta também que, “ao tentar promover a segurança férrea, pode ainda estar a comprometer-se a segurança rodoviária ao promover a circulação de veículos em velocidade numa avenida onde fica uma escola primária”, acrescentando que “os moradores não foram consultados ou tão somente informados, tendo tido conhecimento de uma tão revoltante obra de forma incidental na iminência da sua realização”.

A agência Lusa contactou a IP e a a Câmara de Vila Nova de Gaia para recolher esclarecimentos, mas até ao momento não foi possível. O Bloco de Esquerda de Vila Nova de Gaia, num requerimento datado de 8 de Junho e dirigido à Assembleia Municipal de Vila Nova de Gaia, menciona que pediu a consulta do processo à IP, mas enfatiza que é da Câmara que espera “o cumprimento da função informativa, na medida do seu estatuto de representação e defesa dos cidadãos do Município”.

No ano passado, o presidente da câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, admitiu que este projecto criaria um “modelo de acessos e um modelo urbanístico diferente, com consequências positivas e negativas”. “No geral as vantagens vão ser enormes”, declarou o presidente. O vereador José Guilherme Aguiar, que entre outras pastas acumula as actividades económicas, desenvolvimento económico e projectos municipais, explicitou que “o túnel de Miramar será apenas destinado a veículos ligeiros e, por isso, o vão será muito menos acentuado do que aquele que existe na Aguda, pelo que, o impacto será diminuto”. 

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