Opiniões sobre a comunidade transgénero levam Rowling a perder o apoio dos fãs

Depois de Rowling publicar um ensaio onde justifica as suas crenças relativas aos direitos LGBT, duas páginas de fãs da saga distanciaram-se da autora. No ensaio publicado há mais de duas semanas, Rowling conta a sua experiência de vítima de agressão sexual.

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Rowling foi amplamente criticada pelas suas crenças relativas aos direitos LGBT Reuters/Neil Hall

Dois dos maiores sites de fãs de Harry Potter, afastaram-se da autora da saga J.K. Rowling, na quinta-feira, devido às suas declarações sobre transgéneros, crenças contrárias à mensagem de aceitação que a autora passa nos best-sellers. Os sites The Leaky Cauldron e Mugglenet anunciaram que iam deixar de disponibilizar ligações para o site pessoal da autora britânica, de utilizar fotografias suas e de comentar outros livros não relacionados com o mundo fictício que Rowling criou. 

O comunicado conjunto destes dois portais manifesta desagrado relativamente a opiniões da autora. “As pessoas marginalizadas (estão) desfasadas da mensagem de aceitação e capacitação que encontramos nos livros e que é celebrada na comunidade Harry Potter”, lê-se no comunicado.

A reacção segue-se a um longo ensaio de Rowling publicado no mês passado, onde a autora detalha pesquisas e crenças sobre questões transexuais, incluindo exemplos de exigências dos activistas transexuais que considera perigosas para as mulheres. Um dos exemplos mencionado foi o acesso dos transgéneros a espaços exclusivos para mulheres, como as casas de banho.

Críticas às suas publicações “transfóbicas” nas redes sociais levaram a autora a escrever o ensaio onde detalhava as suas preocupações. Rowling relacionou a sua experiência de vítima de agressão sexual à preocupação com o acesso de transgénero a casas de banho, acusando o movimento defensor dos direitos LGBT de “proteger predadores”. “Quando abrem as portas das casas de banho e vestiários a qualquer homem que acredite ou sente que é uma mulher… então abrem a porta a todo e qualquer homem que queira entrar”, lê-se no ensaio.

As opiniões de Rowling foram amplamente criticadas por grupos defensores dos direitos LGBT e apontado como transfóbico. Causaram até reações por parte do elenco dos filmes da saga — Daniel Radcliffe, também conhecido como Harry Potter, respondeu aos tweets de Rowling lamentando que as crenças da autora possam “manchar” a mensagem transmitida nos seus livros.

Os sites de fãs — que juntos ultrapassam o milhão de seguidores no Facebook — confessam a dificuldade sentida em criticar alguém que, durante tantos anos, admiraram. No entanto, explicam que “seria errado” não usar as estas plataformas para “contrariar os danos que ela causou”. Os representantes de Rowling recusaram-se a comentar.

Os sete romances da saga Harry Potter, sobre um jovem feiticeiro, escrita por Rowling já venderam mais de 500 milhões de cópias em todo o mundo e foram adaptados ao cinema. Depois dos oito filmes, seguiu-se a saga Fantastic Beasts and Where To Find Them.

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