Autoridades norte-americanas ainda não pediram para falar com o príncipe André

Depois da detenção de Ghislaine Maxwell, ex-namorada e cúmplice de Jefrrey Epstein, as autoridades norte-americanas que investigam o caso de tráfico sexual ainda não avançaram com um pedido de audição ao príncipe, informa o primeiro-ministro britânico.

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Príncipe André mantinha amizade com Jeffrey Epstein Reuters/Chris Radburn

Boris Johnson, o primeiro-ministro do Reino Unido, confirma que não foi feito qualquer pedido ao Governo britânico. “Estamos todos do lado das vítimas de Jeffrey Epstein, mas não vou comentar assuntos relacionados com a família real”, afirma Johnson nesta sexta-feira, acrescentando que “a lei deve ser cumprida”.

O príncipe André, segundo filho da rainha Isabel II da Inglaterra, mantinha amizade com Jeffrey Epstein, um magnata norte-americano acusado de liderar uma rede de tráfico sexual de menores. Os procuradores responsáveis pelo caso tinham tornado público o facto de o príncipe se estar a esquivar a responder às perguntas sobre os seus encontros com Epstein. Contudo, este negou.

Segundo a Reuters, as autoridades norte-americanas tinham feito um pedido formal ao Governo britânico sob a forma de um tratado de assistência mútua (MLAT, na sigla inglesa), onde solicitavam o acesso ao príncipe. Contudo, nenhuma entidade oficial britânica comenta o caso. Já os advogados do duque de Iorque acusam os procuradores americanos de recusarem a sua ajuda.

O caso Epstein remonta a Julho de 2019, quando o FBI entrou na mansão de sete andares em Manhattan do multimilionário ao mesmo tempo que o magnata era detido à chegada de Nova Iorque, num avião particular. Na mansão foram encontradas milhares de fotografias de jovens mulheres nuas, muitas “provavelmente menores de idade”, avançaram os investigadores na altura. Depois de apenas um mês em prisão preventiva a aguardar julgamento, Epstein foi encontrado morto na sua cela. Mais tarde, o relatório oficial da autópsia confirmou o suicídio por enforcamento, ainda que um patologista contratado pelo irmão de Epstein tenha considerado as circunstâncias da morte suspeitas.

A associação inicial ao predador sexual levou André a negar qualquer envolvimento nos crimes e a afastar-se dos deveres reais, assim como a disponibilizar-se para colaborar na investigação. Porém, no início deste ano, o procurador Geoffrey Berman, responsável pela investigação do caso Epstein, acusou o filha da rainha de “cooperação zero” em relação ao caso. No passado mês de Junho, Berman foi demitido do seu cargo de procurador-geral por Donald Trump, o presidente dos EUA, também ele associado ao magnata.

Na quinta-feira, 2 de Julho, Ghislaine Maxwell, que teve um relacionamento com Epstein, foi detida pelo FBI, no estado do New Hampshire. A socialite britânica de 58 anos foi acusada de recrutar raparigas para a casa do magnata, onde eram violadas, de conspirar para que menores viajassem para se envolverem em actos sexuais, e aliciamento de menores para que se envolvessem sexualmente. A Netflix estreou recentemente uma série documental intitulada Jeffrey Epstein: Podre de Rico onde o espectador fica a conhecer melhor Maxwell, o esquema utilizado por Epstein e a forma como se serviu da sua fortuna e poder para fugir à justiça.

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