N’O Arco da Velha, o peixe salta do mercado para a grelha

Instalado em plena Praça do Peixe, em Aveiro, o restaurante que também é uma casa de petiscos reabriu ao público completamente renovado.

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“Aqui não se servem tapas, apenas petiscos. E desde que abrimos até fechar, só passa música portuguesa” Adriano Miranda

Instalado no espaço outrora ocupado por um dos bares mais emblemáticos da cidade de Aveiro (Bombordo), o restaurante O Arco da Velha acaba de reabrir ao público completamente renovado. As obras permitiram criar salas mais amplas e modernas, com uma decoração que evoca os palheiros típicos da região e o salgado aveirense. As paredes passaram a ser ocupadas por obras de arte, anunciando a intenção de por ali ir apresentando pequenas exposições. Também foram conservadas algumas memórias do passado, nomeadamente uns quantos candeeiros e quadros náuticos, recuperados do mítico Bombordo. E a aposta no que é genuinamente português também se mantém inabalável.

“Aqui não se servem tapas, apenas petiscos. E desde que abrimos até fechar, só passa música portuguesa”, destaca Rui Ferreira, um dos responsáveis pelo projecto que há cinco anos passou a ocupar os números 9 e 10 do Largo da Praça do Peixe, no típico bairro da Beira-Mar. Uma cozinha tradicionalmente portuguesa que dá primazia ao peixe fresco assado na grelha a carvão. “Quase que sai directamente da banca do mercado para a grelha”, esclarece, destacando a boa vizinhança d’O Arco da Velha – está situado paredes-meias com o Mercado José Estêvão (também conhecido como Praça do Peixe).

Ao peixe fresco juntam-se as propostas de bacalhau à lagareiro, bacalhau com natas ou o arroz de tamboril e gambas. No que toca aos pratos de carne, o destaque vai para o bife de vitela grelhado, numa lista que apresenta ainda as propostas da grelhada mista e do prego no prato. Já a lista de petiscos vai variando, ainda que algumas iguarias acusem uma presença quase constante: amêijoa à Bulhão Pato, gambas ao alho, bacalhau com grão, salada de polvo ou rojões. De segunda a sexta-feira, há sempre um prato do dia (a 7,50 euros) e, ao fim de semana, abre-se espaço, no menu, para as sugestões do chefe. Para finalizar, a carta propõe natas do céu, leite-creme e mousse de chocolate.

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Há cinco anos decidiram dar nova vida ao espaço do antigo Bombordo Adriano Miranda

As várias regiões portuguesas à mesa

Testemunho do apego ao que é português são também “as viagens gastronómicas ao país” que O Arco da Velha promove durante os fins-de-semana de Inverno. “Dedicamos um fim-de-semana a cada região, com pratos do Alentejo, Trás-os-Montes, Madeira, Beira Baixa ou Minho”, aponta Rui Ferreira, minhoto radicado em Aveiro desde 1999. Desde miúdo que alimenta o gosto pela cozinha. Recorda-se de andar a folhear os livros de cozinha que sempre existiram na casa dos pais, prestando especial atenção a um nome em concreto: Maria de Lourdes Modesto. “É o meu ídolo”, afiança.

Foi, assim, com naturalidade que Rui Ferreira aceitou ficar à frente da cozinha d’O Arco da Velha quando, há cinco anos, juntamente com os sócios, decidiu dar nova vida ao espaço do antigo Bombordo. “Era um bar com uma dinâmica muito forte, mas que, com o passar dos anos, foi morrendo”, lembra. “Quando pegámos no projecto, percebemos que já não era um espaço para ser bar”, acrescenta, reparando que a opção passou, assim, por criar um restaurante que também é uma taberna portuguesa.

No interior, O Arco da Velha conta com três salas distintas. Neste momento, por força da pandemia, optou-se por reduzir a lotação para 14 mesas e cerca de 40 lugares sentados. Numa situação normal, a capacidade total pode chegar aos 70 lugares “e mantendo o distanciamento entre mesas”. “A nossa ideia é nunca encher de mais as salas”, declara Rui Ferreira. Na esplanada, o número de lugares sentados chega, excepcionalmente neste momento - o município de Aveiro está a permitir que os comerciantes dupliquem a área de esplanadas -, às seis dezenas, com distâncias de 2 a 2,5 metros entre mesas.

Aqueles que optam pelos espaços interiores têm a oportunidade de apreciar algumas obras de arte - numa das salas está exposta uma colecção de quadros da Rita Reis; numa outra, são apresentadas fotografias de Adriano Miranda -, propriedade do próprio espaço que está “aberto a acolher exposições e apresentações de novos talentos”.

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