Cláudia Andrade: “O que me move na escrita é a raiva, a ira”

Quartos de Final e Outras Histórias, o livro de estreia de Cláudia Andrade, colectânea de contos, foi uma das obras que marcou o ano literário de 2019. O romance Caronte à Espera vem confirmá-la como uma das vozes mais singulares na literatura portuguesa mais recente.

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Rui Gaudêncio

Quando o primeiro livro de um autor é virtuoso e narrado com uma voz literária forte, daquelas que deixam logo nas páginas iniciais uma espécie de marca, de assinatura de estilo, acaba por criar, nos leitores interessados, expectativas em relação ao próximo livro. Foi, muito provavelmente, o que aconteceu a quem leu Quartos de Final e Outras Histórias (Elsinore, 2019) — a colectânea de contos com que Cláudia Andrade (n. 1975) se estreou na ficção. A sua segunda obra, o romance Caronte à Espera, foi agora publicada, e a voz é reconhecível quase de imediato, com algumas nuances, como adiante se verá. Nele se conta a história singular de um homem que acaba de se reformar, que passa a viver aprisionado numa vida sem surpresas, rotineira, e que decide morrer; mas que entretanto encontra um motivo para adiar esse gesto: descobre um rosto desconhecido, em que nunca havia reparado, entre os rostos familiares numa fotografia do seu casamento, havia trinta anos.

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