Ghislaine Maxwell, a cúmplice de Jeffrey Epstein, detida pelo FBI

A ex-namorada de Jeffrey Epstein é suspeita de recrutar raparigas para a casa do magnata norte-americano, onde eram violadas. De acordo com a acusação, Maxwell incentivou e esteve presente em vários casos de abusos sexuais.

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Ghislaine Maxwell é filha do ex-magnata da imprensa britânica Robert Maxwell Reuters/REUTERS TV
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Foi namorada de Jeffrey Epstein e manteve uma relação de proximidade com o magnata após o fim do namoro EPA/RICK BAJORNAS/UN PHOTO HANDOUT

socialite britânica Ghislaine Maxwell, suspeita de ser cúmplice na rede de tráfico sexual de menores liderada por Jeffrey Epstein, e procurada há muito pela polícia dos Estados Unidos, foi detida nesta quinta-feira pelo FBI, no estado do New Hampshire.

Maxwell, de 58 anos, foi acusada de recrutar raparigas, algumas com apenas 14 anos, para a casa de Epstein, onde foram vítimas de abuso sexual. Entre os seis crimes de que está acusada, constam os de conspirar para que menores viajem para se envolverem em actos sexuais, e aliciamento de menores para que se envolvam sexualmente. Está ainda acusada de dois crimes de perjúrio.

Maxwell compareceu já perante um tribunal federal, onde foi recomendado que se mantenha em detenção. “Tem fortuna, poucas ligações aos EUA, passaporte de três países e cidadania de dois outros, e dado poder esperar uma pesada sentença, tem todo o incentivo de fuga”, relata a Reuters.

Jeffrey Epstein foi detido em Julho de 2019. Um mês depois, enquanto aguardava julgamento, sem possibilidade de fiança, suicidou-se na prisão de Manhattan onde estava detido.

Quando foi detido no ano passado, o magnata dos mercados financeiros, que foi próximo de figuras como Donald Trump ou Bill Clinton, foi acusado de pagar a jovens para lhe fazerem massagens nuas ou em topless, em encontros que acabavam, frequentemente, em relações sexuais. Depois de fazerem buscas na mansão de Epstein, as autoridades encontraram milhares de fotografias de jovens nuas, muitas delas menores de idade. Em 2008, Epstein escapou de uma acusação de tráfico sexual de menores, depois de ter passado 13 meses numa ala privada de uma cadeia na Florida.

Ao longo dos anos, Ghislaine Maxwell, filha do ex-magnata da imprensa britânica Robert Maxwell, tem sido acusada por várias vítimas de Epstein pelo seu envolvimento nos crimes de abuso sexual. A socialite, que nega as acusações, já era investigada há algum tempo pelas autoridades norte-americanas. Segundo a acusação revelada esta quinta-feira, “teve uma relação íntima entre 1994 e 1997” com Jeffrey Epstein e manteve-se muito próxima do milionário norte-americano, mesmo depois de terem terminado o namoro. 

"Ela orquestrava tudo"

Ghislaine Maxwell é suspeita de recrutar jovens para a casa do magnata norte-americano, para que este as violasse, ou cedesse a outros homens. Um dos suspeitos, que sempre negou o seu envolvimento, foi o príncipe André, de Inglaterra. Além de recrutar as jovens para a casa de Epstein, várias vítimas dizem que Ghislaine Maxwell lhes dava instruções precisas sobre como o satisfazer sexualmente.

Por vezes, lê-se no documento da acusação, Maxwell fazia massagens a Epstein à frente das vítimas, incentivando as jovens a fazerem o mesmo, “incluindo massagens sexuais, durante as quais as mesmas estavam total ou parcialmente nuas”. Estas massagens acabavam, muitas vezes, em abusos sexuais, em certas ocasiões com Maxwell “presente e a participar nos abusos”.

A acusação refere pelo menos três casos que ocorreram entre 1994 e 1997, descrevendo como Maxwell criou uma relação de amizade com as raparigas, levando-as às compras e ao cinema. Depois de criar uma ligação com elas, Maxwell tentava “normalizar o abuso sexual”, despindo-se na sua frente, ou abordando temas sexuais. Ensinava-as a dar massagens a Jeffrey. Depois, Epstein abusou das jovens em vários locais, como Nova Iorque, Florida, Londres e Novo México.

A acusação refere ainda que Epstein oferecia-se para pagar viagens e despesas de educação a algumas raparigas, que eram incentivadas por Ghislaine Maxwell a aceitar a ajuda financeira. “Por isso, as vítimas sentiam-se em dívida e acreditavam que Maxwell e Epstein estavam a tentar ajudá-las”, lê-se na acusação.

“Ela orquestrava tudo para o Jeffrey”, afirmou Sarah Ransome, uma das mulheres que processou Epstein, em entrevista ao New York Times em 2017. Outra vítima que quebrou o silêncio no ano passado foi Jennifer Araoz. A jovem revelou que Epstein prometeu doar dinheiro a organizações de luta contra a sida, sendo que o pai da jovem tinha morrido devido à doença. Araoz, na altura com 15 anos, disse que aceitou dinheiro de Epstein por várias vezes e, um dia, depois de este lhe pedir massagens, violou-a.

Desde o suicídio de Epstein que Ghislaine Maxwell não aparecia em público e o seu paradeiro era desconhecido. Agora, a “madame Epstein”, como foi descrita por uma das vítimas do magnata norte-americano, enfrenta a justiça, um ano depois de Epstein ter sido detido na sua mansão de sete andares em Manhattan.

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